O presente artigo pretende explorar o tema da relação entre corpo e envelhecimento sob o olhar da psicanálise. O corpo que se torna psiquismo, corpo erógeno e possibilidade de ação sobre o mundo na juventude, na crise do envelhecimento, pode se tornar estranho e limitador. Diante desta experiência, podemos encontrar dificuldade de nos reconhecermos na nova imagem que vemos refletida no espelho. Esta nova imagem aponta para o declínio físico, para impotência e para a dependência do outro. O processo de envelhecimento é um momento de luto e elaboração de perdas à procura de novas formas possíveis de satisfação. Durante este processo, o corpo chama o psiquismo a enfrentar novamente o complexo de castração e re-elaborar conteúdos edípicos em busca de um novo posicionamento subjetivo. Conclui-se que envelhecer é um processo totalmente subjetivo e singular, marcado pela inquietude que problematiza o encontro, dentro de cada um, da realidade externa com a realidade psíquica. Neste sentido, este processo requer um reposicionamento subjetivo importante que só pode ser feito se mudanças intrapsíquicas profundas acontecerem e encontrarem respaldo no olhar do outro.
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Cherix, K. (2015). Corpo e envelhecimento. Revista Da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar, 18(1), 39–51. https://doi.org/10.57167/rev-sbph.18.287