Uma disciplina teórica de química para os alunos ingressantes no curso de graduação em química

  • Santos Filho P
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Abstract

Recebido em 7/6/99; aceito em 15/3/00 A THEORETICAL DISCIPLINE APPLIED TO THE FRESHMEN OF THE UNDERGRADUATE LEVEL AT THE CHEMISTRY INSTITUTE OF UNICAMP. The topics developed in the first discipline applied to the freshmen at the Chemistry Institute of UNICAMP are described, along with a discussion of how the program is developed in our days. A avaliação do conteúdo de qualquer curso de graduação em Química, indica que a disciplina "Química Geral" é aquela com a qual o estudante tem o seu primeiro contato no curso, daí a sua importância fundamental. Diante disto, qual deve ser o entendimento acerca de Química Geral, ou melhor, o que vem a ser Química Geral? Mais precisamente, qual deve ser a expectativa, ou o que os alunos ingressantes na maioria dos cursos superiores de Ciências Exatas esperam de uma discipli-na de Química Geral? Segundo os dicionários da língua portuguesa, a definição do termo "geral" é "...que abrange ou compreende um todo; comum à maior parte". Neste sentido pode-se entender que a disciplina Química Geral compreenda um conjunto de assuntos comum à maior parte do programa de graduação em Química. Ou então, que a disciplina de Química Geral aborde um conjunto de assun-tos que abranja todos os aspectos da Química. Na verdade, é isto que, realmente, se observa na disciplina Química Geral oferecida pela maioria das Instituições de Ensino Superior, ou seja, esta disciplina é completamente geral, abordando, ainda que superfici-almente, a maioria dos assuntos que serão posteriormente desen-volvidos ao longo de todo o curso de graduação em Química. Com relação à expectativa que se cria em torno da discipli-na Química Geral, cabe aqui salientar que existe uma grande diferença entre os tipos de alunos que cursam esta disciplina. Em outras palavras, existe uma diferença fundamental entre os alunos das várias modalidades do curso de graduação em Quí-mica, e os alunos dos demais cursos de ciências exatas que também devem cursar esta disciplina, tais como os de Biolo-gia, Física, Engenharia, Computação, Matemática e etc... Qual deve ser a expectativa ou a postura dos alunos de outros cursos, que na maioria dos casos cursa somente esta disciplina de Química? Nestes casos, o que estes alunos espe-ram desta disciplina, um enfoque específico ou um bem abrangente, que dê uma visão, ainda que superficial, de um grande conjunto de assuntos ou conhecimentos? Na verdade, normalmente, é esta última alternativa que se verifica nesta disciplina, e a mesma acaba sendo muito interessante para es-tes alunos, que adquirem assim uma visão bastante ampla dos vários aspectos da Química e de todo o seu potencial de apli-cação, na interpretação e na elucidação das várias questões que surgem a todo instante na vida cotidiana. Isto significa que esta disciplina acaba sendo muito interessante para os alunos que não são do curso de Química. Por outro lado, qual é a expectativa dos alunos do curso de graduação em Química, com relação à disciplina de Química Geral? É extremamente importante destacar que, por ser a pri-meira disciplina oferecida por qualquer Instituto de Química aos seus próprios calouros, ela acaba sendo o cartão de visita do Instituto, a partir da qual os alunos têm a primeira impressão, bem como passam a formar a sua própria opinião a respeito do mesmo e de seus docentes. Além disso, esta disciplina tem ain-da um papel muito importante no sentido de reforçar a motiva-ção dos calouros em continuar se dedicando ao estudo da Quí-mica, que é área que eles escolheram para se profissionalizar. Esta preocupação com a disciplina introdutória de Química, tanto para os alunos do curso de Química quanto para aqueles das várias carreiras dos cursos de ciências exatas, já é bem antiga e muito séria e preocupante. Segundo Gillespie 1 a situ-ação é, de certo modo, até constrangedora, uma vez que apa-rentemente, depois de cursar esta disciplina, a grande maioria dos alunos oriundos de um sistema de ciclo básico geral, se sente extremamente desestimulada a continuar a estudar Quí-mica. Para estes alunos, esta disciplina introdutória é irrele-vante, desestimulante e desinteressante. Parece que na discipli-na introdutória de Química, ao invés de despertar o interesse dos alunos em Química e todas as suas aplicações importantes, estamos somente desencorajando-os e enterrando qualquer in-teresse em Química que eles pudessem ter. Gillespie acredita ainda que existem alguns problemas principais, que são res-ponsáveis por esta situação, dentre os quais podemos destacar: ementas muito extensas, ênfase muito pronunciada na parte de físico-química e na resolução de problemas numéricos e teoria muito abstrata e difícil. Talvez o importante nesta disciplina seja que o aluno comece a pensar como Químico, ou pelo menos entenda como o Químico pensa, numa tentativa de en-tender o mundo material em termos de átomos e moléculas e seus arranjos e movimentos. Segundo Gillespie, os conceitos, teorias e princípios que utilizamos em Química não podem ser apreciados, a menos que seja em um contexto de alguns fatos e observações que desejamos explicar ou racionalizar, e os fatos e observações não podem ser entendidos e lembrados a menos que haja algumas teorias e princípios para racionalizá-los. Ao longo do tempo, muitas sugestões e tentativas têm sido feitas para tentar resolver este problema, através das mais va-riadas formas e proposições. A leitura de textos que enfocam algum problema ambiental atual, seguida de discussões em pequenos grupos e de um painel integrativo, foi tentada como estratégia de ensino para motivar e sensibilizar os alunos ingressantes no curso de Química 2,3. Numa tentativa deste tipo, observou-se um índice de evasão nesta disciplina inicial de 10%, sendo que dos alunos restantes, 50% não conseguiram

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Santos Filho, P. F. dos. (2000). Uma disciplina teórica de química para os alunos ingressantes no curso de graduação em química. Química Nova, 23(5), 699–702. https://doi.org/10.1590/s0100-40422000000500020

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