Este artigo busca problematizar o tema da definição de sexo quando existe um "diagnóstico" médico de "genitália ambígua". Centrarei a análise nas representações e nas práticas sociais acionadas por profissionais de saúde no momento das decisões quanto às cirurgias de "correção da genitália" em crianças intersexuadas, o que inclui desde o momento de perceber uma determinada alteração, diagnosticá-la como intersexo até decidir por uma intervenção visando à adequação do corpo a um ou outro sexo. Parte-se de dois eixos analíticos: a noção de campo de saber e a perspectiva de gênero. Demonstra-se que as decisões estão perpassadas por diferentes visões correspondentes a áreas de saber específico dentro do campo mais amplo da medicina e da psicologia. Ainda, argumenta-se que essas decisões, supostamente neutras, são informadas por fatores culturais, o que aponta para novas apreensões das dicotomias natureza/cultura e sexo/gênero.
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Machado, P. S. (2005). “Quimeras” da ciência: a perspectiva de profissionais da saúde em casos de intersexo. Revista Brasileira de Ciências Sociais, 20(59). https://doi.org/10.1590/s0102-69092005000300005
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