A observância ou adesão terapêutica aos anti-retrovirais (ARV) é fundamental para o sucesso a longo prazo do tratamento para a infecção pelo HIV. Devido à complexidade deste tema consideramos interessante analisá-lo à luz da teoria das representações sociais (RS). Deste modo, procuramos traçar o processo de construção das RS da soropositividade em pacientes com HIV/Aids que aderem e não aderem à terapia ARV. Realizamos um estudo exploratório através de técnicas observacionais e entrevistas com roteiro estruturado com 16 homens e 16 mulheres, aderentes e não aderentes. Os dados foram submetidos à análise de conteúdo categorial. Os resultados mostraram que para os aderentes, a soropositividade aparece associada a uma nova normatividade (tomar remédios). O remédio é objetivado destruindo o vírus e existe a ancoragem no saber científico. Para os não aderentes, a soropositividade é uma vivência ameaçadora. O uso da negação impede a ancoragem no saber científico. Os remédios tornam-se a objetivação da doença. Como conclusão, podemos afirmar que, enquanto nos pacientes aderentes observamos RS bem estruturadas da doença e do tratamento ARV, nos não aderentes tais RS parecem ainda estar em construção.Adherence to anti-retroviral therapy (ART) is essential for therapeutic success of HIV infection. Due to the complexity of this theme we consider interesting to analyse it from social representation (SR) theory. Our goal in this study was to outline the processes that give birth to social representations (SR) of seropositivity on HIV/AIDS patients who may adhere or not to antiretroviral treatment (ART). An exploratory research using observation techniques and a structured interview with 16 men and 16 women who adhered and did not adhere to ART was made. The data was submitted to a categorial content analysis (Bardin). The results showed that adherent patients associate seropositivity to a new condition where medications appear to be included. The pills are objectified as destroying HIV virus and an anchorage on the scientific knowledge is identified. For non-adherents seropositivity is a menace. Denial does not allow an anchorage on scientific knowledge. ART is objectified as causing a disease. As a conclusion we can affirm that while to the adherent patients the SR of the disease and the ART appear as an articulated knowledge system, to the non-adherent the social representations are still being elaborated.
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Cardoso, G. P., & Arruda, A. (2005). As representações sociais da soropositividade e sua relação com a observância terapêutica. Ciência & Saúde Coletiva, 10(1), 151–162. https://doi.org/10.1590/s1413-81232005000100022
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