Organizações contra-hegemônicas e a possibilidade de redescoberta da política na modernidade: uma contribuição a partir do pensamento de Hannah Arendt

  • Zilio L
  • Barcellos R
  • Dellagnelo E
  • et al.
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Abstract

Este artigo apresenta um ensaio de natureza teórica cujo objetivo é situar um referencial capaz de abordar organizações que, instaladas numa forma social como sujeitos políticos coletivos, constituem-se como alternativas. Partimos do pensamento de Hannah Arendt, para quem política é a ação que busca acordos, ação em conjunto, reflexo da condição plural do homem e fim em si mesma. Com base nesta perspectiva, procurou-se demonstrar que do mesmo modo que o sistema capitalista cristaliza o esquecimento da política nos tempos atuais, o modelo hegemônico de organizar e a abordagem teórica tradicional dos estudos organizacionais (reflexos do sistema do capital) são instrumentos de despolitização e dominação social, ao legitimarem as necessidades de produção, acumulação e regulação na sociedade contemporânea. Nesse contexto, pensa-se nas organizações contra-hegemônicas como uma possibilidade de recuperação da política em suas determinações agonísticas. Nessas organizações, muito mais o grupo e as pequenas comunidades em movimento representam possibilidades de espaços políticos de fundação, resistência, civilidade e de revelação dos homens como agentes, através do exercício das categorias propostas por Arendt: identidade, pluralidade e capacidade de iniciar algo novo.This paper presents a theoretical essay which aims to situate a framework able to address organizations that, established in a social way as collective political subjects, present themselves as alternatives. One is based upon Hannah Arendt's thought, according to whom politics is the action which seeks agreements, joint actions, a reflection of the plural condition of man, and an end in itself. Thus, taking this perspective as a foundation, one tried to demonstrate that, in the same way how the capitalist system crystallizes political forgetfulness in modern times, the hegemonic organizing model and the traditional theoretical approach of organizational studies (reflections of the capital system) are tools for depoliticization and social domination, as they legitimize the needs for production, accumulation, and regulation in contemporary society. In this context, one thinks of counter-hegemonic organizations as a possibility for recovering politics with regard to its agonistic purposes. In these organizations, the groups and small moving communities represent major possibilities of political spaces for the foundation, resistance, civility, and disclosure of men as agents, practicing the categories proposed by Arendt: identity, plurality, and ability to start something new.

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Zilio, L. B., Barcellos, R. de M. R. de, Dellagnelo, E. H. L., & Assmann, S. J. (2012). Organizações contra-hegemônicas e a possibilidade de redescoberta da política na modernidade: uma contribuição a partir do pensamento de Hannah Arendt. Cadernos EBAPE.BR, 10(4), 789–803. https://doi.org/10.1590/s1679-39512012000400002

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