Maus samaritanos: o mito do livre-comércio e a história secreta do capitalismo

  • Varela C
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Abstract

Maus Samaritanos é mais um livro do jo-vem e proeminente economista heterodoxo do desenvolvimento econômico Ha-Joon Chang. Ele nasceu na Coréia do Sul, mas está radicado na Inglaterra há bastante tempo. É professor da Uni-versidade de Cambridge desde 1990. Tem vários livros publicados e seu trabalho mais famoso, tra-duzido para vários idiomas, é Chutando a Esca-da: a estratégia do desenvolvimento em perspecti-va histórica, publicado originalmente em inglês em 2002 e em português em 2004. Esse livro lhe rendeu o Prêmio Gunnar Myrdal em 2003 e o Prêmio Leontief em 2005. O livro Maus Samaritanos é dividido em nove capítulos e um epílogo e apresenta uma abordagem crítica à teoria econômica heterodo-xa. Ha-Joon desenvolve várias analogias ao longo do texto, tentando esclarecer suas críticas. Algu-mas delas são bastante interessantes, como a que faz em relação ao desenvolvimento de seu filho Jin-Gyu, que tinha seis anos quando da publica-ção original do livro em inglês, em 2006, e a pro-teção necessária à indústria nascente nos países em desenvolvimento. Ele diz que se a legislação permitisse, poderia mandar seu filho para o mer-cado de trabalho, mas com isso, ele estaria fada-do a ter eternamente subempregos. Seria muito difícil conseguir se tornar um médico ou um físi-co nuclear, por exemplo. Para que isso fosse pos-sível, ele teria que proteger e investir na educação de seu filho por no mínimo mais doze anos. O mesmo ocorre com a indústria nascente: se ela é exposta rapidamente ao livre-comércio, posição defendida pelos economistas neoliberais, muito provavelmente não irá conseguir sobreviver, por-que, assim como seu filho, precisa de um tempo para conseguir trabalhar com tecnologias avança-das e construir organizações eficientes. O autor observa que é errado inserir o seu filho no merca-do de trabalho com seis anos, expondo-o preco-cemente à concorrência, mas também é errado subsidiá-lo até os quarenta anos. Isso tem que ser feito somente até o momento em que ele consiga ter a capacitação necessária para obter um em-prego satisfatório. O mesmo funciona em relação às empresas, que não podem ser subsidiadas e protegidas eternamente. O que todos devem estar se perguntando é quem seriam os Maus Samaritanos e por que são assim chamados? Ha-Joon retirou a idéia do no-me de seu livro de uma parábola da Bíblia, sobre um homem que foi roubado na estrada e recebeu ajuda de um " Bom Samaritano " . Os Samarita-nos eram vistos como pessoas que tentavam tirar vantagens dos indivíduos que tinham algum pro-blema. No prefácio da versão em inglês do livro, o autor esclarece que chama de Maus Samarita-nos os países ricos que indicam, hoje, políticas neoliberais como a defesa de livre mercado e li-vre comércio, para os países pobres, tentando evitar que eles sejam no futuro seus possíveis concorrentes. demonstra que esses países ricos não fizeram no passado o que hoje recomendam, quando sua indústria ainda estava se desenvol-vendo. Ele diz também que o que mais o intriga é saber que muitos desses Maus Samaritanos não percebem que estão fazendo recomendações ruins para as economias dos países pobres.

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Varela, C. A. (2009). Maus samaritanos: o mito do livre-comércio e a história secreta do capitalismo. Revista de Economia Política, 29(1), 150–152. https://doi.org/10.1590/s0101-31572009000100009

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