Acesso aos cuidados de saúde em Portugal no rescaldo da crise. Nem tudo é dinheiro?

  • Antunes M
  • Ramos L
  • Lourenço Ó
  • et al.
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Abstract

As necessidades de cuidados de saúde não satisfeitas têm sido usadas para avaliar o acesso a cuidados de saúde. Em cenários de recessão e restrições financeiras impostas às políticas públicas, é importante identificar que fatores, para além do rendimento, podem ser usados para mitigar as barreiras no acesso. Este é o objetivo deste artigo, para o caso português, durante o rescaldo da crise. Usaram-se 17.698 observações do 5º Inquérito Nacional de Saúde (2014). Analisaram-se as necessidades não satisfeitas (autorreportadas) para as consultas e tratamentos médicos, cuidados de saúde dentários e medicamentos prescritos. Recorreu-se ao modelo de seleção bivariado, acomodando o fato de as necessidades não satisfeitas apenas poderem ser observadas na subamostra de indivíduos que sentiram necessidade de cuidados de saúde. O risco de necessidades de cuidados de saúde não satisfeitas diminui para rendimentos e níveis de educação mais altos bem como no grupo dos idosos e homens. Beneficiar apenas do Serviço Nacional de Saúde aumenta o risco de necessidades não satisfeitas na saúde oral. A ausência de um círculo de pessoas próximas a quem pedir ajuda e a falta de confiança nos outros tornam mais prováveis as necessidades de cuidados de saúde não satisfeitas. Mais saúde diminui o risco de necessidades de cuidados não satisfeitas. Sendo o rendimento um importante preditor das necessidades não satisfeitas, encontrou-se impacto de outros fatores como sexo, idade e educação. Participar em grupos informais reduz a probabilidade de necessidades não satisfeitas. Aqueles com mais necessidades de cuidados de saúde acabam por sofrer um risco acrescido por essa via.Unmet healthcare needs have been used to assess access to healthcare. In scenarios of recession and financial constraints on public policies, it is important to identify which factors besides income can be used to mitigate barriers to access. This was the focus of our study on Portugal’s case in the wake of the crisis. We used 17,698 observations from the 5th National Health Survey (2014). We analyzed self-reported unmet needs for medical appointments and treatments, dental healthcare, and prescribed medications. We used a bivariate selection model, considering the fact that unmet needs could only be observed in the subsample of individuals that felt the need for healthcare. The risk of unmet needs for healthcare decreased in individuals with higher income and schooling levels and in the elderly and men. Exclusive coverage by the National Health Service increased the risk of unmet dental healthcare needs. The absence of a circle of close friends to whom one can ask for help and lack of trust in others increased the likelihood of unmet healthcare needs. Better health decreased the risk of unmet needs. While income is an important predictor of unmet needs, we found the impact of other factors such as gender, age, and education. Participation in informal groups reduced the likelihood of unmet needs. Individuals with more healthcare needs end up suffering additional risk.Las necesidades de cuidados de salud sin satisfacer se han usado para evaluar el acceso a los cuidados de salud. En escenarios de recesión y restricciones financieras, impuestas a las políticas públicas, es importante identificar qué factores, más allá del rendimiento, pueden ser usados para mitigar las barreras en el acceso. Este es nuestro objetivo para el caso portugués tras la crisis. Se realizaron 17.698 observaciones de la 5ª Encuesta Nacional de Salud (2014). Analizamos las necesidades no satisfechas (auto-informadas) en consultas y tratamientos médicos, cuidados dentales de salud y medicamentos prescritos. Recurrimos al modelo de selección bivariado, ajustando el hecho de que las necesidades no satisfechas solamente podrían ser observadas en la submuestra de individuos que sintieron la necesidad de cuidados de salud. El riesgo de necesidades de cuidados de salud no satisfechas disminuye en el caso de las rentas y niveles de educación más altos, así como en el grupo de los ancianos y hombres. Beneficiar solamente el Servicio Nacional de Salud aumenta el riesgo de necesidades no satisfechas en la salud oral. La ausencia de un círculo de personas cercanas a quién pedir ayuda y la falta de confianza en los otros hacen más probables las necesidades de cuidados de salud no satisfechos. Más salud disminuye el riesgo de necesidades de cuidados no satisfechos. Siendo el rendimiento un importante predictor de las necesidades no satisfechas, encontramos impacto de otros factores como sexo, edad y educación. Participar en grupos informales reduce la probabilidad de necesidades no satisfechas. Aquellos con más necesidades de cuidados de salud acaban por sufrir un riesgo más grande por esta vía.

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Antunes, M., Ramos, L. M., Lourenço, Ó., & Quintal, C. (2020). Acesso aos cuidados de saúde em Portugal no rescaldo da crise. Nem tudo é dinheiro? Cadernos de Saúde Pública, 36(2). https://doi.org/10.1590/0102-311x00248418

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