Pretendemos refletir neste texto sobre a construção territorial da Cultura Viva Comunitária na Argentina, dando visibilidade aos diversos interesses e projetos políticos em disputa na atualidade. Embasamos estas ponderações nas práticas culturais, artísticas e intelectuais de organizações territoriais de base sedimentadas em localidades suburbanas e metropolitanas da província de Buenos Aires. Estes grupos comunitários estão vinculados ao movimento da Cultura Viva Comunitária na América Latina, além de participar de redes de cooperação cultural latino-americanas e caribenhas. Observamos nestas instituições culturais uma construção territorial autônoma que se relaciona de forma contraditória com os territórios estatais, empresariais e do resto das organizações da sociedade civil. O território, tradicionalmente associado ao Estado, se manifesta de formas difusas, cooperativas e conflitantes nestas instituições culturais, explicitando uma complexidade na construção de políticas públicas da cultura que merece um estudo aprofundado. Sendo assim, destacamos uma indissociabilidade entre território e políticas culturais, registrando o conjunto de intervenções que se disputam o poder material e simbólico – geográfico no sentido amplo – nos aglomerados onde atuam estes grupos artísticos organizados. Finalmente, nos perguntamos sobre a possibilidade de uma construção territorial descolonial nas políticas públicas para a diversidade na América Latina e quais os desdobramentos teóricos e práticos desta alternativa.
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Brizuela, J. I., & Barros, J. M. (2017). Como se constrói territorialmente a descolonialidade nas políticas públicas? Reflexões sobre a Cultura Viva Comunitária na Argentina. RELACult - Revista Latino-Americana de Estudos Em Cultura e Sociedade, 3. https://doi.org/10.23899/relacult.v3i3.593
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