Entre quilombolas do Alto rio Trombetas, Amazônia, norte do estado do Pará, o conjunto de artifícios usados nas atividades cinegéticas destinados a criar encon- tros com animais alvos da caça e da pesca é designado sob o termo “arremedar”. O “arremedar” ocorre tanto pela produção humana de movimentos e de sons rit- micamente e melodicamente semelhantes àqueles produzidos por animais, como também pela criação, por caçadores e pescadores, dos traços sensíveis dos habitats e das relações das espécies caçadas e pescadas com outros seres vivos. O presente artigo parte do “arremedar” para abordar como o conhecimento dos quilombolas ligado às esferas do meio ambiente, da percepção, da técnica e do comportamento dos seres vivos atua na configuração das relações entre humanos e animais que ocorrem no espectro das atividades cinegéticas. Pretende-se, por fim, abordar as formas de aprendizado do “arremedar” para elucidar as conexões do praticante com as relações que se dão entre seres vivos e ambientes nos contextos de ocorrência desta prática.
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Scaramuzzi, I. (2019). Arte de “arremedar”: atos de criação entre humanos e animais no Alto Trombetas (Pará, Brasil). Etnografica, (vol. 23 (1)), 69–86. https://doi.org/10.4000/etnografica.6329
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