Os processos de saúde e adoecimento são influenciados por fatores biológicos, psicológicos e sociais. A obesidade é comumente associada aos transtornos mentais, como depressão e ansiedade. Esta associação é constatada em ambas as direções. Transtornos mentais, como os alimentares, a depressão e ansiedade, favorecem o desenvolvimento da obesidade, assim como a obesidade aumenta a incidência dos transtornos mentais. Quando ocorre a ruptura da estabilidade e da homeostase pelo estresse crônico e fatores determinados geneticamente, pelo meio ambiente e pelas relações afetivas e suporte psicossocial, há uma sobrecarga alostática. Através desta sobrecarga alteram-se múltiplos sistemas e surgem doenças clínicas, como hipertensão, diabetes, síndrome metabólica e também doenças psíquicas, tais como a depressão e a ansiedade. O diagnóstico dos transtornos mentais é feito pela combinação de sintomas, queixas somáticas e psíquicas. Queixas físicas por vezes inexplicáveis e sintomas genéricos como humor depressivo, tristeza, impaciência, irritação, inquietação, além da alteração do sono e do apetite, podem estar presentes em diversos transtornos físicos ou mentais. Essa combinação muitas vezes dificulta o correto diagnóstico em pacientes obesos. Os profissionais da atenção básica devem alertar-se para queixas físicas e para os sofrimentos psíquicos presentes em quadros orgânicos. A compreensão dos efeitos fisiopatológicos do estresse e dos transtornos mentais no adoecimento físico reforça a necessidade de que o cuidado efetivo às doenças crônicas não transmissíveis, incluindo a obesidade, seja organizado a partir de modelos que possam abordar também estes aspectos. O tratamento necessita ser integral para que o cuidado seja realmente efetivo. Deve ser centrado na pessoa, na família e na comunidade ao invés de se organizar ao redor da doença. Isso é fundamental no tratamento da obesidade, pois esta se relaciona diretamente a hábitos de vida, estado emocional e nível de estresse, dependendo de uma transformação do indivíduo e de sua forma de viver para que se alcance a resposta desejada. Através dessa abordagem, a atenção básica pode promover a saúde e prevenir agravos.
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Melca, I. A., & Fortes, S. (2014). Obesidade e transtornos mentais: construindo um cuidado efetivo. Revista Hospital Universitário Pedro Ernesto, 13(1). https://doi.org/10.12957/rhupe.2014.9794
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