Este artigo estabelece um diálogo crítico com a corrente teórica que hoje domina os estudos etnológicos, o perspectivismo. Situando-o como uma manifestação tardia do projeto moderno, é posta em causa uma ideia que a antropologia herdou deste e que o perspectivismotomatambémcomosua : a assunção de uma descontinuidade, quando não mesmo irredutibilidade fundamental, entre modernidade e tradição. Contra essa assunção – que põe em causa as intenções de uma relação simétrica entre nativo e etnólogo –, propõe-se uma redefinição humanística da disciplina que toma por guia a ideia segundo a qual os planos relevantes da reflexão etnológica são aqueles onde é possível identificar uma comensurabilidade entre os planos da verdade de diferentes culturas.This article establishes acritical dialogue with perspectivism, the theoretical current which now dominates ethnological studies. Placing it as a late manifestation of the modern project, the idea that anthropology inherited from this project and that perspectivism incorporates is called into question: the assumption of a discontinuity, when not even irreducibility, between modernity and tradition. Against this assumption – which undermines the intentions of a symmetrical relationship between native and ethnologist –, this article proposes a humanistic redefinition of the discipline according to which the relevant grounds of ethnological reflection are those where it is possible to identify a commensurability between the domains of truth of different cultures.
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Verde, F. (2018). Fechados no quarto de espelhos : o perspectivismo ameríndio e o “jogo comum” da antropologia. Anuário Antropológico, v.42 n.1, 137–169. https://doi.org/10.4000/aa.1679
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