Junto com o processo de urbanização e o crescimento das cidades tem havido também um aumento da contaminação do meio ambiente e, entre outros agravos, a poluição do ar tem tido posição de destaque, visto atingir grandes parcelas da população e possuir diversos efeitos na saúde que vêm sendo estudados em maior profundidade nos últimos anos. Este artigo discute algumas questões metodológicas envolvidas na avaliação dos efeitos na saúde associados à poluição do ar. A primeira questão que se coloca é a dos indicadores epidemiológicos em saúde ambiental. Esses indicadores podem ser vistos como medidas que sumarizam alguns aspectos da relação entre saúde e meio ambiente. A metodologia de indicadores proposta pela Organização Mundial de Saúde para o desenvolvimento de ações de saúde ambiental vem sendo aplicada em nosso meio no que diz respeito à qualidade do ar. Um segundo aspecto refere-se à avaliação da exposição à poluição do ar, talvez o aspecto mais difícil nos estudos nesta área. Questões acerca dos diferentes microambientes (externos e internos) são relevantes e devem, sempre que possível, ser levados em conta de maneira a minimizar as fontes de erro em relação à correta exposição à qual os indivíduos estão expostos. Por último, é apresentada uma breve discussão dos principais tipos de estudos epidemiológicos utilizados para examinar a associação entre a exposição à poluição do ar e os efeitos na saúde. As vantagens e desvantagens dos diversos tipos de estudos e suas principais aplicações são discutidas à luz da metodologia epidemiológica. Enfatizamos que estas não são as únicas questões relevantes quando se procura avaliar os efeitos deletérios da poluição do ar, mas representam algumas das mais importantes. Todavia, para que sejam construídas políticas de saúde ambiental coerentes e eficazes, é preciso realizar estudos bem delineados sobre a relação entre poluição do ar e saúde, levando-se em conta essas questões. Desse modo, pode-se garantir uma melhor qualidade na informação que será utilizada pelos gestores que implementarão essas políticas.Urbanization and the growth of cities have contributed to increase the load of contaminants in the environment. Among contaminants, air pollutants remain a major cause of concern due to their capacity to affect large populations and the fact that several adverse health effects associated with exposure to air pollution have been described in the past few years. This article reviews and discusses some methodological issues involved in the assessment of these health effects. The first issue relates to environmental health indicators (EHI). These indicators can be seen as measures that summarize aspects of the relationship between health and the environment. The EHI methodology proposed by the World Health Organisation for the development of environmental health actions has been applied in the area of air quality. A second aspect relates to the assessment of exposure to air pollution. This is perhaps the most difficult task for studies in this area. Issues concerning different microenvironments (indoor and outdoor) are relevant and should be taken in to account in order to minimize the errors associated with the correct assessment of exposure to air pollutants. Lastly, a brief discussion of the main epidemiological study designs used to examine the association between air pollution and health effects is presented. The advantages and disadvantages of the main study types and their main applications are discussed. These are not the only essential issues when studying the deleterious health effects of air pollution on health. However, in order to have sound environmental health policies one needs well designed and conducted epidemiological studies taking in to account these main issues. In this manner, better information will be available to those involved in the decision-making process regarding air quality in our cities.
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Castro, H. A. de, Gouveia, N., & Escamilla-Cejudo, J. A. (2003). Questões metodológicas para a investigação dos efeitos da poluição do ar na saúde. Revista Brasileira de Epidemiologia, 6(2), 135–149. https://doi.org/10.1590/s1415-790x2003000200007
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