Datam do século XVI as primeiras referências ao aqueduto de Olisipo tendo por fundamento as nascentes de Água Livre e a barragem romana de Belas. Ao longo dos séculos XVII e XVIII, sempre que se estudou a forma de trazer água a Lisboa, arquitectos e engenheiros noticiaram a existência de restos de um cano antigo, parte dele recentemente estudado e publicado como sendo o «aqueduto romano da Amadora». Pese embora tais evidências, a falta de provas arqueológicas na área urbana de Lisboa foi adiando a discussão sobre o tema, fazendo com que alguns investigadores o considerem uma utopia. Este estudo, apoiando-se nos testemunhos literários conhecidos e na interpretação funcional de estruturas arqueológicas romanas associadas à água, centrou-se no desenvolvimento de ensaios inéditos, para definição do traçado do aqueduto, através de processos de modelação geográfica inovadora em SIG, usando vários critérios tais como o declive médio, comum no mundo romano. Foram geradas diversas superfícies de condicionamento topográfico, visando a criação de um traçado viável que permitisse conduzir a água aos dois termini da cidade antiga - Porta de Santo André e São Roque - referenciados por Leonardo Turriano. Com a devida prudência, a viabilidade da obra parece estar assegurada, admitindo os autores todavia que o traçado romano possa ter sido, em parte, distinto do apresentado.
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Mascarenhas, J. M. de, Bilou, F., & Neves, N. S. (2012). O aqueduto romano de Olisipo: viabilidade ou utopia? Ensaio de traçado apoiado em modelação geográfica. Revista Portuguesa de História, (43), 239–264. https://doi.org/10.14195/0870-4147_43_12
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