Cavalos são atletas natos. Ao longo de sua evolução, foram treinados de forma realmente árdua, pois os indivíduos menos habilidosos em correr e saltar por cima de obstáculos naturais – que haviam em suas rotas de fuga de predadores – certamente deixaram menor número de descendentes, se é que deixaram alguns. Ainda que a domesticação dos equinos tenha ocorrido há muito tempo, até hoje continuam a apresentar as principais características dos equídeos ancestrais: são animais de grupo, por natureza assustados e com medo de predadores, que se sentem inseguros quando sozinhos e que passam grande parte do dia andando e pastando. Na natureza, dificilmente se identificam ambientes ou dias na vida dos seres vivos, em que não tenha havido algum tipo ou grau de estresse. Virtualmente todos os conhecimentos e aprendizados dos equinos, ocorram eles na natureza ou no convívio com humanos, envolvem algum grau de estresse. A questão seria o nível de estresse. A ausência de estresse equivale à zona de conforto, em que não há desenvolvimento. Um nível moderado de estresse estimula o aprendizado, e equivale a uma zona de crescimento. Porém, quando o estresse se torna extremo, gera pânico, sendo mínima a possibilidade de aprendizado. Ou seja, estresse indica ser uma característica cujo ótimo são valores intermediários. Ao que tudo indica, o aprendizado do equino não se dá no momento em que ocorre o estresse (ou pressão), mas sim no momento do alívio deste (desde que a nível de estresse esteja nos limites da zona de crescimento para aquele indivíduo). Assim, quanto mais imediato for o alivio da pressão, mais eficiente será o aprendizado. Poderíamos resumir em pressão mínima, alívio imediato, longo e frequente da pressão, repetição dos exercícios e consistência na forma de pedir os exercícios como sendo as principais estratégias ou ferramentas para o treinamento dos equinos. Em termos práticos, o melhor treinamento para cada cavalo envolve o aprimoramento da comunicação entre humanos e equinos, tanto em termos de entender os anseios e medos de cada cavalo, a elaboração de um plano de atividades individualizado, além da adoção de técnicas de treinamento racional.
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Schmidek, A. (2018). Otimizando o desempenho e o bem-estar de equinos usados em atividades esportivas. Revista Brasileira de Zoociências, 19(2). https://doi.org/10.34019/2596-3325.2018.v19.24735
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