A partir de uma pesquisa etnográfica em dois distritos da periferia de São Paulo, o objetivo deste artigo é realizar uma análise a respeito das concepções de “cidadania” e “direito à cidade” formuladas a partir de uma perspectiva periférica. O texto argumenta que a cidadania deve ser entendida como estratégia política e dentro de uma luta pelo “direito a ter direitos”. Dessa maneira, promove-se uma leitura histórica em torno das lutas pela cidadania e de como elas têm se transformado recentemente nas periferias urbanas no Brasil. Ao fim, é apresentada a ideia de “direito à periferia” como forma de compreender o “direito à cidade” contemporaneamente na perspectiva dos sujeitos que buscam se articular e entrar na cena política nas periferias. A ideia de um “direito à periferia” emerge do fortalecimento de movimentos culturais de cunho identitário que buscam valorizar o “ser periférico” como parte fundamental da formação política de moradores de periferias. Desse modo, a mobilização política e social nas periferias aponta para uma luta que busca garantir o direito à igualdade de forma concomitante com o direito à diferença. O “direito à periferia” articula a luta política e a luta cultural de modo a reconhecer uma relação intrínseca e não oposta entre a igualdade e a diferença.
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Fontes, L. D. O. (2018). Do direito à cidade ao direito à periferia. Plural, 25(2), 63–89. https://doi.org/10.11606/issn.2176-8099.pcso.2018.153617
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