Tentativas de colocar em articulação a floresta amazônica e as chamadas populações tradicionais têm se intensificado bastante nas últimas décadas, tanto no âmbito acadêmico, quanto na militância ambientalista. Por sua vez, a noção de sustentabilidade, entendida, como um dispositivo estratégico, atua na intensificação de tal acoplamento, possibilitando leituras renovadas das relações entre povos tradicionais e a natureza da Amazônia. O propósito deste artigo é discutir e problematizar a referida articulação, tomando como subsídio análises de textos sobre a Amazônia publicados em jornais brasileiros de ampla circulação. Dentre os enunciados analisados, este texto coloca em destaque aqueles que tematizam as mudanças climáticas globais, descrevendo muitas vezes a floresta amazônica como um depósito de carbono e atribuindo às populações tradicionais o papel de protetoras deste carbono. Dessa forma, as discussões desenvolvidas buscam ressaltar (e problematizar) a capacidade que os discursos sobre as mudanças climáticas têm de integrar o mercado à preservação da natureza.La articulación entre floresta amazónica y poblaciones tradicionales viene ganando bastante reconocimiento en las últimas décadas, tanto en el ámbito académico como en la militancia ambientalista. A su vez, la noción de sostenibilidad actúa, cada vez más, como un dispositivo estratégico que intensifica la articulación entre estos elementos, posibilitando lecturas renovadas de la relación entre los pueblos tradicionales y la naturaleza de la Amazonia. El propósito de este artículo es discutir y problematizar la referida articulación, tomando como apoyo algunos análisis de textos sobre la Amazonia que fueron publicados en periódicos brasileños de amplia circulación. Se le ha dado destaque, principalmente, a los discursos sobre los cambios climáticos globales, los que, muchas veces, describen la floresta amazónica como un depósito de carbono y a las poblaciones tradicionales como protectoras del mismo. Finalmente, se resalta la capacidad que tienen los discursos sobre cambios climáticos de integrar el mercado a la preservación de la naturaleza.Attempts to promote the articulation between the Amazon rainforest and its so-called traditional populations have intensified greatly in recent decades, both in academic as in environmental activism. The notion of sustainability, understood as a strategic apparatus, operates in the intensification of such coupling, bringing to light renewed analysis of the relationships between traditional peoples and the nature in the Amazon. The purpose of this paper is to discuss and analyse such articulation, taking as a starting point several text analysis on the Brazilian Amazon published in newspapers of wide circulation. The emphasis was given on the discourse on global climate change, which often describes the Amazon rainforest as a carbon depot, and attaches to the traditional populations a role of guardians of this carbon. In this sense, the discussions brought here aim at underlining the capability which the discourses on climate change have to integrate the stock market into the preservation of nature.
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Sampaio, S. M. V. de, & Wortmann, M. L. C. (2014). Guardiões de um imenso estoque de carbono - Floresta Amazônica, populações tradicionais e o dispositivo da sustentabilidade. Ambiente & Sociedade, 17(2), 71–90. https://doi.org/10.1590/s1414-753x2014000200006
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