Apesar das diversas inovações tecnológicas e do melhor entendimento fisiopatológico dos estados de choque, esta condição permanece com elevada taxa de morbimortalidade. Uma das explicações mais aceitas para a taxa elevada é o desenvolvimento da síndrome de disfunção de múltiplos órgãos (SDMO), secundária à hipoperfusão tecidual persistente. Assim, é evidente a importância da avaliação da perfusão tecidual em tais quadros, bem como possíveis interferências terapêuticas a partir da avaliação. Nesta revisão, são abordadas noções básicas sobre a monitorização clínica e laboratorial da perfusão tecidual no choque, incluindo transporte de O2, consumo e taxa de extração de O2 saturação venosa mista de O2, lactato e gradiente gastroarterial de CO2. Tais dados são fundamentais para a correta interpretação e melhor intervenção terapêutica, visando adequar o desequilíbrio presente entre oferta/consumo de O2 e, desta forma, interromper a série de eventos fisiopatológicos que resulta em SDMO e, em muitas condições, em morte. Nesse contexto, algumas metas devem ser alcançadas durante a ressuscitação de pacientes com síndrome do choque, a saber: pressão arterial média > 65 mmHg; diurese ³ 1 ml/kg/hora; débito cardíaco suficiente para manter uma SvO2 >65%; lactato sérico < 2 mmol/L, destacando que, mesmo quando normalizadas as variáveis sistêmicas de oxigenação, graves distúrbios perfusionais regionais ainda podem existir, sendo necessário recorrer à monitorização regional através da avaliação do pCO2-gap.
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Silva, E., Garrido, A. G., & Assunção, M. S. C. (2001). AVALIAÇÃO DA PERFUSÃO TECIDUAL NO CHOQUE. Medicina (Ribeirao Preto. Online), 34(1), 27. https://doi.org/10.11606/issn.2176-7262.v34i1p27-35
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