É preciso defender a escola. De quê? De quem? Neste texto, partiremos da noção de “dispositivo pedagógico”, elaborada pelo filósofo René Schérer, para fazer da escola o principal combatente contra a forma que ela mesma assumiu institucionalmente na modernidade, catalisada por este dispositivo. Em obra de 1974 Schérer afirmava que não basta a crítica à escola, não bastam os projetos de “desescolarizar a sociedade” (Illich), uma vez que aquilo que funciona em nosso tempo é uma intrincada “ideologia pedagógica”. Ela sim é que deve ser combatida. Após os trabalhos de Foucault que introduziram o conceito de dispositivo, Schérer passou a tratar a questão em termos de um “dispositivo pedagógico” que coloniza nossa sociedade segundo a forma de uma pedagogização integral, na direção daquilo que Rancière denominou uma “sociedade pedagogizada”. O combate, então, direciona-se contra este dispositivo que pedagogiza, impedindo os processos de autoformação. Após elucidar o conceito de dispositivo pedagógico, buscaremos na noção guattariana de “equipamentos coletivos” possibilidades de repensar a escola como máquina de guerra em ação contra o dispositivo pedagógico. Ainda que a própria escola enredada pelo dispositivo pedagógico seja um equipamento coletivo, o equipamento coletivo pode ser pensado de outra maneira, visando a defender a escola do dispositivo pedagógico. Ao cabo, trata-se de defender a escola como experiência de um outro equipamento coletivo, como um experimentum scholae.
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Carvalho, A. F. de, & Gallo, S. D. de O. (2017). Defender a escola do dispositivo pedagógico: o lugar do experimentum scholae na busca de outro equipamento coletivo. ETD - Educação Temática Digital, 19(4), 622. https://doi.org/10.20396/etd.v19i4.8648756
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