Partindo da constatação que os níveis médios de corrupção nos países da África lusófona apresentam valores relativamente mais baixos do que os seus congéneres da África francófona e anglófona, o presente artigo analisa esta questão à luz de uma abordagem que assenta num quadro teórico mais clássico: o neo-institucionalismo. Neste contexto, explorou-se a hipótese segundo a qual os legados coloniais (entendidos enquanto conjunto de instituições formais e informais herdadas das antigas potências colonizadoras após os processos de descolonização) desempenham um papel relevante na explicação dos níveis de corrupção dos países da África subsaariana. Por outro lado, procurou-se também perceber se estes legados apresentam algum elo com os elevados níveis de pobreza humana que existem nestes Estados. Os testes estatísticos exploratórios que levámos a cabo mostram que a variável legado colonial aparece significativamente relacionada com os níveis de corrupção, ao passo que não existe qualquer relação com os níveis de pobreza humana. Conclui-se, pois, que parece existir uma especificidade no caso da África lusófona, convidativa do ponto de vista da realização de análises futuras mais aprofundadas.
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Dias, A. L., Lúcio, J. M. R., & Coelho, T. D. (2015). Corrupção e pobreza em África: os legados coloniais em perspectiva comparada. Revista Do Serviço Público, 66(3), 395–424. https://doi.org/10.21874/rsp.v66i3.1221
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