Resumo O trabalho e a subjetividade do professor de pós-graduação se inscrevem em determinado contexto político-econômico configurado pela mundialização do capital, pela reforma do Estado e pela naturalização de formas de gestão e organização do trabalho orientadas pelos paradigmas objetivista, funcionalista e utilitarista. Nesse cenário, efetuam-se profundas reformas no papel desenvolvido pela universidade, que tende a se transformar em uma instituição gerencial, produtivista e mercantilizada. O docente vive, então, uma série de conflitos entre as exigências institucionais e sua subjetividade. Frente a isso, questionamos: o prazer no trabalho estaria colocado em suspenso? O sofrimento no trabalho encontraria possibilidades de, pela mediação do reconhecimento, se transmutar em prazer? A fim de examinarmos essa questão, foram levantados e analisados dados e documentos institucionais de uma universidade pública, a UNESP, e também aplicado um questionário a professores de dois programas de pós-graduação de elevada performance acadêmica. O aporte teórico pautou-se nas contribuições da psicodinâmica e da psicossociologia do trabalho. Apontamos que o prazer-sofrimento são elementos imbricados e que coexistem em todas as dimensões do trabalho do professor, ainda que determinadas atividades e relações gerem potencialmente maior prazer, e outras, maior sofrimento. A intensificação do trabalho, o desgaste frente às exigências de rotinização das tarefas e o significativo número de referências ao estresse e/ou adoecimento foram evidenciados. Mas há aspectos que ora se contrapõem, ora ofuscam esses indicadores de sofrimento. Conclui-se que, nesse jogo intrincado do par antitético prazer-sofrimento, ficam abertas várias possibilidades para as subjetividades docentes, que se situam entre o sofrimento patogênico e o sofrimento criativo. Palavras-chave: educação superior; professor universitário; trabalho e subjetividade; sofrimento e prazer no trabalho; psicodinâmica e psicossociologia do trabalho. Abstract The work and subjectivity of the postgraduate professor are part of a certain political-economic context shaped by the globalization of capital, state reform and naturalization of forms of management and work organization guided by the objectivist, functionalist and utilitarian paradigms. In this scenario, profound reforms are carried out in the role developed by the university, which tends to become a Docência e Produção de Subjetividades
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Machado Ruza, F., & Pinto e Silva, E. (2016). As Transformações Produtivas na Pós-graduação: O Prazer no Trabalho Docente Está Suspenso? Revista Subjetividades, 16(1), 91–103. https://doi.org/10.5020/23590777.16.1.91-103
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