RESUMO O artigo examina os efeitos das mudanças significativas na política agrícola do Brasil durante a década de 1980, sobre a capacidade de suas áreas agrícolas modernas de gerar empregos e reter a população rural. Isso foi feito identificando grandes zonas de rápida expansão e modernização agrícola e observando as mudanças na década, no emprego agrícola e na população rural. Foi possível constatar que as áreas de agricultura moderna no Centro-Sul do país e nas savanas (“cerrados”) do Centro-Oeste geraram muito poucos empregos ou experimentaram declínios de mão de obra agrícola. Além disso, a população rural de todas essas áreas experimentou reduções. No Centro-Sul as quedas foram bastante expressivas, mas mesmo nos cerrados ocorreram reduções significativas. Portanto, ao contrário do que se poderia esperar das mudanças na política agrícola decorrentes da crise dos anos 1980, a agricultura brasileira continuou a expulsar mão-de-obra rural e população. Porém, no período esta expulsão foi mais seletiva, restringindo-se principalmente a áreas agrícolas dinâmicas. No resto do país, ao contrário do que ocorreu nos anos 1970, a emigração rural ou foi pequena ou houve retenção de população. Na verdade, esse padrão contrastante de migração tornou possível uma redução geral da migração rural no Brasil na década de 1980.ABSTRACT The paper examines the effects of the significant changes in Brazil’s agricultural policy during the 1980s, on the ability of its modem agricultural areas to generate jobs and to retain rural population. This was done by identifying large zones of rapid agricultural expansion and modernization, and observing the changes in the decade, in agricultural employment and in rural population. It was possible to establish that the areas of modem agriculture in the country’s Center-South region, and in the savannas (“cerrados”) of the Center-West, either generated very little employment, or experimented declines in agricultural manpower. Moreover, the rural population of all these areas experimented reductions. In the Center-South the declines were quite substantial but even in the “cerrados” there were significant reductions. Therefore, to the contrary of what one might expect from the changes in agricultural policy brought about by the crises of the 1980s, Brazil’s agriculture continued to expel rural manpower and population. However, in the period this expulsion was more selective, being restricted mainly to de dynamic agricultural areas. In the rest of the country, to the contrary of what took place in the 1970s, rural emigration was either small, or there was retention of population. In fact, this contrasting pattern of migration made it possible an overall abatement in Brazil’s rural migration in the 1980s.
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MUELLER, C. C., & MARTINE, G. (1997). Modernização da agropecuária, emprego agrícola e êxodo rural no Brasil - A década de 1980. Brazilian Journal of Political Economy, 17(3), 407–427. https://doi.org/10.1590/0101-31571997-0897
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