O artigo parte da constatação de que nas atuais discussões sobre a sociedade do risco globalizado existe uma confusão conceitual entre um estado potencial de risco e um estado atual de perigo e dano. Vincula essa confusão conceitual ao medo difuso e generalizado chamado medo globalizado - e considera que esse medo tem um poder que implica dispositivos biopolíticos e de biopoder, supostamente capazes de nos proteger contra vários tipos de ameaças implicadas pela sociedade do risco globalizado, mas que podem ser vistos, também, como meios para instaurar um estado de exceção onde as liberdades fundamentais são de fato suspensas e desrespeitadas. Considera, também, que, junto ao fenômeno da globalização e do poder do medo que o acompanha, surgem reações de desconfiança perante os supostos benefícios da biotecnociência, que seriam, na realidade, prejudiciais ao bem-estar humano, isto é, autênticos malefícios. Assim sendo, propõe uma desconstrução dessa percepção para poder abordar, de maneira racional e imparcial, as implicações morais da vigência do paradigma biotecnocientífico na sociedade atual. Apresenta os argumentos a favor e contrários ao uso da biotecnociência, destacando o papel da bioética na análise da moralidade da biotecnociência, perguntando se a vigência do paradigma biotecnocientífico pode ser considerada algo desejável ou não e, se sim, por quem, para quem e para quê.
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Matias, E. (1969). Existem boas razões para se temer a biotecnociência? Revista Brasileira de Bioética, 9(1–4), 124–126. https://doi.org/10.26512/rbb.v9i1-4.7766
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