Quadro clínico do transtorno obsessivo-compulsivo

  • Torres A
  • Smaira S
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Abstract

Keywords Obsessive-compulsive disorder is a very heterogeneous condition, not always easy to be identified. Obsessions are intrusive thoughts, impulses or images that cause anxiety or other emotional discomfort, whereas compulsions are repetitive behaviors or mental acts voluntarily performed to counterbalance or minimize the discomfort, or magically prevent any feared events. The most common symptoms are contamination, aggressive, somatic and sexual obsessions and washing, checking, repeating, counting and ordering compulsions. Patients usually have multiple symptoms simultaneously, which often change over time. Although the insight is typically preserved, it varies among patients and also fluctuates in the same patient in different ocasions. The main features are: exacerbated appraisal of risks, pathological doubts and incompleteness, as well as excessive sense of responsibility and guilt and thought/action fusion. As patients frequently feel ashamed of their symptoms, they can be reticent about them. Consequently, it usually takes time till they get adequate treatment. Obsessive-compulsive disorder. Diagnosis. Clinical features. Obsessions. Definição de sintomas e apresentação geral A descrição clínica e o diagnóstico do transtorno obsessi-vo-compulsivo (TOC) são mais complexos do que se pode supor, em função de alguns aspectos que serão expostos bre-vemente neste trabalho. A caracterização do transtorno baseia-se na ocorrência pri-mária de obsessões e/ou compulsões. Obsessões são pensa-mentos, impulsos ou imagens mentais recorrentes, intrusivos e desagradáveis, reconhecidos como próprios e que causam an-siedade ou mal-estar relevantes ao indivíduo, tomam tempo e interferem negativamente em suas atividades e/ou relaciona-mentos. Note-se que imagens aversivas e impulsos egodis-tônicos ameaçadores, em geral agressivos, podem predominar. Já compulsões são comportamentos ou atos mentais repetiti-vos que o indivíduo é levado a executar voluntariamente em resposta a uma obsessão ou de acordo com regras rígidas, para reduzir a ansiedade/mal-estar ou prevenir algum evento temi-do. 1 Assim, enquanto as obsessões causam desconforto emo-cional, os rituais compulsivos (sempre excessivos, irracionais ou mágicos) tendem a aliviá-lo, mas não são prazerosos. Já em 1935, Lewis 2 afirmava: "quanto mais agradável um ato repetiti-vo, menos provável que seja compulsivo". A função de neutra-lização ou atenuação imediata da ansiedade manteria os sinto-mas em um ciclo de difícil rompimento 3 em que, paradoxalmente, para sentir-se melhor, o indivíduo se escraviza. Apesar de mais freqüente, nem sempre obsessões e com-pulsões estão associadas, havendo pacientes puramente ob-sessivos e, mais raramente, só compulsivos. 4-7 No último caso, os rituais (p. ex.: de colecionamento, simetria ou ordenação) são executados para aliviar um mal-estar descrito como ansie-dade, sensação de premência, imperfeição ou incompletude, sem uma preocupação ou temor específicos relacionados ao comportamento. As ações são repetidas até que a pessoa se sinta melhor ou considere que aquilo está "certo" ("just right") ou concluído. Um aspecto característico é a fácil evocabilidade dos sinto-mas, havendo infindáveis estímulos externos (sujeira, bactérias, facas) e internos (pensamentos, lembranças) capazes de, por as-sociação, desencadear desconforto. Estes podem se generalizar também pelo plano simbólico (p. ex.: pensamentos sexuais ou agressivos e sujeira). 3 O medo é idiossincrático: enquanto um considera "sujo" sangue e tudo que se refere a isso, outros te-mem contato com urina, gordura, graxa, pó de café, vidro etc. Na maioria dos casos, há múltiplas obsessões e compulsões simultâneas e não sintomas únicos ou pares, e os pacientes mudam de tema ou tipo de sintoma com o passar do tempo. Trata-se em regra de um quadro crônico e freqüentemente de início precoce, 6,8 com flutuação na intensidade dos sintomas ao longo do tempo. Enquanto na maior parte dos casos há piora em fases de vida difíceis, alguns relatam atenuação dos sintomas na ocorrência de algum problema sério que exija enfrentamento. 2 Não há necessariamente piora progressiva, mas os rituais tendem a ficar mais sedimentados com o tempo. Ressalte-se que a gravidade é bastante variável, havendo desde casos leves até aqueles extremamente graves e incapacitantes,

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Torres, A. R., & Smaira, S. I. (2001). Quadro clínico do transtorno obsessivo-compulsivo. Revista Brasileira de Psiquiatria, 23(suppl 2), 6–9. https://doi.org/10.1590/s1516-44462001000600003

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