O artigo define processamento auditivo central e explica a sua importância para a aquisição de leitura e escrita. Explica, também, a natureza do distúrbio de processamento auditivo central e sua etiologia no histórico de otites repetidas durante o desenvolvimento da linguagem, bem como o seu envolvimento nos distúrbios processamento fonológico que subjazem aosproblemas de linguagem oral e escrita, como ocorre na dislexia do desenvolvimento. Ressalta a necessidade de instrumentos para triagem de crianças com distúrbio de processamento auditivocentral, com vistas a permitir experimentas dedicados ao teste de tratamentos para prevenção e remediação de distúrbios de linguagem oral e escrita. Examina a bateria~de ZAIDAN (2001 )para triagem de distúrbio de processamento auditivo central, desenvolvida no mestrado em Neurociências da USP. Trata-se de uma bateria de aplicação rápida em 15 minutos, e-compostade três testes de repetição de fala ouvida em condições de difícil audibilidade: fala distorcida com corte de frequências elevadas, fala contra ruído de fundo, e falas competitivas em escutadicótica. Reanalisando os dados brutos daquela dissertação, este artigo sugere que a aparente inconclusividade dos achados sobre a sua validade deveu-se simplesmente à escolha de estatísticasinferenciais inadequadas ao delineamento. Reconduzindo as análises com estatísticas inferenciais apropriadas (i.e., Ancovas para controlar o efeito da ampla variação etária sobre os escores), o artigo demonstra que a bateria é, de fato, válida e sensível o suficiente para discriminar entre crianças de 6 a I I anos com desenvolvimento normal e aquelas com diagnóstico clínico de distúrbio de processamento auditivo central. Adicionalmente, descobriu que, além da bateria como um todo, cada um dos três testes que a compõem é capaz de, por si só, discriminar entre os grupos, identificando crianças com distúrbios de processamento auditivo central. Isto corrobora a adequação das listas de palavras e de sua gravação, revelando todo o esmero com que a bateria foi elaborada. Assim, o Brasil passa a dispor de um poderoso instrumento para a detecção decrianças com distúrbio de processamento auditivo central que estão em risco de fracassar na aquisição competente de leitura e escrita e que podem receber intervenção precoce.
CITATION STYLE
Capovilla, F. C. (2002). TRIAGEM DE PROCESSAMENTO AUDITIVO CENTRAL EM CRIANÇAS DE 6 A 11 ANOS’. Journal of Human Growth and Development, 12(2). https://doi.org/10.7322/jhgd.39692
Mendeley helps you to discover research relevant for your work.