Produtivismo, pesquisa e comunicação científica: entre o veneno e o remédio

  • Rego T
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Abstract

Este ensaio trata de temas relacionados à produção e publicação científica na contemporaneidade. As análises estão voltadas especialmente para os reflexos de um processo perverso que tem afetado os pesquisadores, as universidades e as revistas do Brasil (assim como já ocorreu ou vem ocorrendo em diferentes partes do mundo), devido ao chamado produtivismo acadêmico (entendido como a obrigação de publicar em periódicos, como indicador praticamente exclusivo para a avaliação da produção científica e da qualidade do pesquisador), bem como para o conjunto de desdobramentos negativos que esse processo provoca. Tomando como pressuposto a impossibilidade de tratar o tema da comunicação científica separadamente da estrutura da produção científica da qual o universo das revistas indexadas faz parte, o texto procurará problematizar as seguintes questões: quais são as principais distorções que a adoção de critérios majoritariamente quantitativos para avaliar, promover e financiar pesquisadores, periódicos e programas de pós-graduação tem provocado? Como se caracteriza o ciclo perverso do produtivismo que hoje contamina o nosso contexto acadêmico? Como ele afeta nossas produções e publicações? De que modo aquilo que foi planejado para melhorar a tarefa investigativa acaba por prejudicá-la? Alguns traços podem ser identificados e extraídos do conjunto dos mecanismos acima, sem que se pretenda, evidentemente, esgotar a complexidade do processo envolvido. Serão expostos também alguns argumentos advogando a favor da necessidade de uma ação coletiva entre os editores das revistas científicas (especialmente da área de humanidades), visando ao desenvolvimento de uma atuação política capaz de combater as mazelas do sistema hoje vigente de produção, avaliação e comunicação da ciência.This essay addresses issues related to contemporary scholarly production and publishing. The analyses focus on the reflections of a perverse process which has affected researchers, universities and journals in Brazil (as it has occurred in different parts of the world), due to the so-called academic productivism (understood as the obligation to publish in journals, as virtually the only indicator used to evaluate researchers' scientific production and quality). Analyses also focus on the negative consequences of such process. Assuming that it is not possible to address the issue of scientific communication separately from the structure of scientific production, since the universe of indexed journals is part of the latter, this essay seeks to discuss the following questions: what are the main distortions that adopting largely quantitative criteria to assess, promote and fund researchers, journals and graduate programs has caused? What are the characteristics of the perverse cycle of productivism which now infects our academic context? How does such cycle affect our production and publications? How does what was planned to improve the investigative task end up damaging it? Although I do not, of course, aim to exhaust the complexity of this process, I shall discuss some features identified in the mechanisms above. I shall also present some arguments in favor of collective action among editors of scientific journals (especially in the humanities), in order to develop political action to combat the ills of the current system of production, evaluation and communication of science.

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Rego, T. C. (2014). Produtivismo, pesquisa e comunicação científica: entre o veneno e o remédio. Educação e Pesquisa, 40(2), 325–346. https://doi.org/10.1590/s1517-97022014061843

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