O objetivo deste artigo é problematizar as expectativas em torno do futuro brasileiro no contexto pós-pandemia de Covid-19. Enquanto várias análises apontam o novo coronavírus como produtor de uma ruptura histórica, capaz de promover consideráveis transformações econômicas, políticas e sociais, argumentamos que os efeitos da pandemia tendem a reforçar as estruturas da ordem estabelecida. A fim de fundamentar empiricamente nossa investigação, adotamos como estratégia de pesquisa a etnografia multi-situada, através da qual justapomos (1) a progressiva adoção de medidas neoliberais no Brasil e no exterior; (2) o processo intimamente relacionado de desregulação ambiental no Brasil; e (3) as medidas tomadas pelo atual governo brasileiro diante da pandemia de Covid-19. Para tanto, tomamos documentos jornalísticos como relatos narrativos de “trechos de realidade” de cenários sociais contemporâneos. Identificamos, assim, um processo de universalização da lógica econômica, que confere ao mercado a responsabilidade institucional de controlar e superar não só a degradação ambiental, como também crises econômicas e a própria propagação e tratamento de Covid-19. Nossas conclusões indicam que, ao invés de fomentarem um “novo mundo”, tais crises, como a degradação ambiental e a pandemia, em si mesmas, podem fortalecer o ordenamento hegemônico vigente.Palavras-chave: Neoliberalismo, Antropoceno, Covid-19
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Fernandes, V. A., & De Paula, B. L. S. (2020). A Velha Novidade da Pandemia: Neoliberalismo, Meio Ambiente e Covid-19. Ciências Sociais Unisinos, 56(2), 131–142. https://doi.org/10.4013/csu.2020.56.2.02
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