Resumo: Algumas questões que se colocam como problemas intrincados para as ciências podem advir de uma espécie de permanência em uma crença. A linguística combateu esse tipo de crença da gramática tradicional e a chamou de norma. Assim como a lei, a norma não possui fundamento lógico, e consiste na imposição de uma verdade. Para a ciência, ao contrário, não existem verdades irrefutáveis. Um problema que se coloca recorrentemente às ciências da significação é aquele que concerne ao conceito de imanência e, talvez, seja razoável pensar que tal problema permanece pelo motivo de se acreditar que a imanência é um conceito fechado em si e já resolvido. Em outras palavras, uma vez que o conceito de imanência é fundamental em nossas investigações, cumpre saber em que ele consiste, para que seja possível descobrir a origem das dúvidas que ele gera. Nesta investigação, buscamos propor uma distinção entre duas acepções do conceito de imanência, que já se encontram na obra Prolegômenos a uma teoria da linguagem, de Louis Hjelmslev, bem como buscamos verificar se essa distinção afeta de algum modo a teoria semiótica da Escola de Paris. A reflexão que se segue é parcial e não tem qualquer pretensão de ser exaustiva. Palavras-chave: Louis Hjelmslev, imanência, epistemologia, Prolegômenos a uma teoria da linguagem Introdução O conceito de imanência 1 na teoria de Louis Hjelmslev, como sabemos, é muito caro à semiótica da Escola de Paris, mas a não observância desse conceito pode levar a problemas de análise ou, na melhor das hipóteses, a radicalismos desnecessários que podem reduzir o campo de investigação da semiótica. Em face a tal problema, muito vasto, permitimo-nos elaborar uma primeira questão: a imanência em Hjelmslev é man-tida, tal e qual, no construto teórico da semiótica de Algirdas Julien Greimas? Uma observação um pouco mais atenta à obra Prolegômenos a uma teoria da lin-guagem (Hjelmslev, 2006) leva a crer que, de um lado, não é e que não poderia ser. Mas que a imanência da semiótica de Greimas, por outro lado, já fazia parte da obra de Hjelmslev: bem entendido, parece haver, já nos Prolegômenos, dois conceitos de imanência, em-bora somente um seja explicitado: aquele que se opõe à transcendência na teoria da linguagem. Com o fito de demonstrar o que nos levou a tal con-clusão, no primeiro item de nossa exposição, articula-mos o conceito de imanência que se opõe à transcen-dência em Hjelmslev, conforme a obra Prolegômenos a uma teoria da linguagem (Hjelmslev, 2006) e três artigos afins, a saber, Reflexões sobre o conceito de imanência em semiótica (Beividas, 2008), Le style épis-témologique de Louis Hjelmslev (Almeida, 1998) e A noção de texto em Hjelmslev (Badir, 2005). Nesse passo pretendemos demonstrar em que consiste o conceito de imanência que se opõe à transcendência e como ele se constitui, dadas as especificidades da epistemologia da teoria da linguagem.
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Souza, P. M. de. (2010). Sobre o conceito de imanência em Hjelmslev. Estudos Semióticos, 6(2), 104. https://doi.org/10.11606/issn.1980-4016.esse.2010.49276
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