No Sul do Brasil foram reconhecidas superfícies de cimeira que balizaram estudos de evolução do relevo na porção oriental dessa região, sobre terrenos cristalinos/cristalofilianos e borda da Bacia do Paraná. No que se refere a esta última, uma unidade geomórfica dominante no sul do Brasil, o Planalto das Araucárias, ainda carece de individualização e caracterização de superfícies de cimeira em mesoescala, tão pouco da compreensão do papel da litoestrutura no estabelecimento dessas possíveis superfícies dessa categoria. Diante disso, o presente artigo traz resultados da caracterização das superfícies de cimeira do Planalto das Araucárias. A identificação e caracterização das superfícies de cimeira do Planalto das Araucárias foram realizadas a partir de levantamento e elaboração de produtos cartográficos, que consistiu em quatro etapas: 1) elaboração de modelos digitais de terreno (Índice de Rugosidade do Terreno- IRT, relevo sombreado e hipsométrico) e perfis topográficos; 2) cotejamento desses primeiros com mapas geológicos e geomorfológicos; 3) interpretação e análise dos diferentes produtos gerados; e 4) aferição dos resultados com observações em campo. O produto gerado com o IRT, em conjunto com a imagem sombreada, permitiu distinguir três superfícies de cimeira no Planalto das Araucárias, aqui referidas como superfícies de Vacaria, Palmas/Caçador e Superfície de Pinhão/Guarapuava, entre 760 a +1300 m de altitude, as quais se encontram na borda leste desse planalto. O Índice de Rugosidade do Terreno revelou que tais superfícies apresentam aspecto plano, embora dissecada, e com quatro a treze níveis altimétricos internos (embutidos). A espacialização das superfícies, a extração de perfis topográficos e o respectivo cotejamento com mapas geológicos e geomorfológicos permitiram avaliar o controle litoestrutural e a ocorrência de níveis geomórficos individualizados previamente na literatura. Verificou-se que as superfícies transpõem limites laterais dos derrames básicos, intermediários e ácidos, embora predominem sobre estes últimos. Isso leva a pensar que as superfícies de cimeira estão longe de serem consideradas como superfícies controladas apenas pela litologia, como aventada na literatura de forma generalizada para todo o território nacional. Igualmente, limites laterais das superfícies e níveis altimétricos internos das superfícies coincidem, em partes, com falhas/fraturas, apontando para controle neotectônico. A cobertura superficial caracterizada em trabalhos da literatura, aqui revisados, apontam para ação de etchplanação na evolução das superfícies de cimeira, sobretudo entre o Plioceno a Pleistoceno Médio, com remoção de coberturas preexistentes diante de variações climáticas no Quaternário Tardio.
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Biffi, V. H. R., & Paisani, J. C. (2018). SUPERFÍCIES DE CIMEIRA DO PLANALTO DAS ARAUCARIAS – SUL DO BRASIL. Revista Brasileira de Geomorfologia, 19(3). https://doi.org/10.20502/rbg.v19i3.1336
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