Este trabalho pretende analisar de que maneira os avanços tecnológicos impactam as novas configurações de trabalho, revelando a dicotomia entre o aumento da capacidade produtiva das empresas e a exploração e desproteção dos trabalhadores, em escala global. Busca-se, por meio de revisão bibliográfica, evidenciar o olhar das correntes reflexivas (Estudos Organizacionais) e críticas (Estudos Críticos) da Administração acerca do fenômeno da uberização do trabalho, visto que muitos dos serviços prestados com a intermediação de aplicativos digitais não constituem vínculo empregatício por expressa previsão legal, sendo atribuídas aos indivíduos todas as responsabilidades dos custos e possíveis ônus dessas relações. Ademais, a despeito do que apregoam empresas que intermedeiam serviços de transporte, limpeza e tantos outros, o discurso sobre autonomia financeira e liberdade de horário contradiz-se com o controle excessivo do trabalho, taxas abusivas e custeamento exclusivo das ferramentas de trabalho por parte dos chamados parceiros. Desse modo, constatam-se, em pleno século XXI, formas de gerenciamento do trabalho com condições reinventadas e que remontam ao período anterior à Revolução Industrial. Conclui-se, portanto, que a Administração não deve ficar alheia a esses fenômenos e que os seus desafios são contundentes para a desmistificação das correntes hegemônicas do campo.
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Santos da Silva, J. A., Araújo Santos, D., Moreira Chaves, A., & Teixeira de Assunção, E. (2022). Administração e relações de trabalho na contemporaneidade: uma tendência denominada uberização. Cadernos de Ciências Sociais Aplicadas, 26–42. https://doi.org/10.22481/ccsa.v19i33.10423
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