Entro neste debate na condição de autor, junto com Rita Segato, do texto da proposta de cotas para negros e índios aprovada na UnB em 2003. Não escondo que o assunto toca-me diretamente e justamente por isso decidi tentar contribuir para uma ampliação do contexto em que surgiram os fatos mencionados por Maio e Santos e aprofundar as discussões sobre as vinculações (negativas e positivas) da nossa rede de antropólogos com a luta contra o racismo, dentro do qual concebo o esforço das cotas para negros nas universidades brasileiras. Meu ponto de partida é de que não há nenhum acadêmico que se possa dizer neutro nessa discussão. No limite, todos os comentadores convidados deverão em algum momento se posicionar a favor ou contra a implementação de cotas em cada uma das suas universidades. Essa discussão, portanto, que fraseamos de “acadêmica”, é uma outra forma de expressar posições políticas e éticas, sobretudo no que se refere à manutenção ou transformação das desigualdades e discriminações raciais no nosso meio universitário.
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Carvalho, J. J. de. (2005). Usos e abusos da antropologia em um contexto de tensão racial: o caso das cotas para negros na UnB. Horizontes Antropológicos, 11(23), 237–246. https://doi.org/10.1590/s0104-71832005000100018
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