Introdução: Com o surgimento de demandas urgentes da pandemia da COVID-19 e a ausência de terapias comprovadamente eficazes, a busca por medicamentos que possuam efeitos positivos no tratamento para a doença se tornou um grande desafio para médicos e pesquisadores. Nesse sentido, dados sobre o mecanismo de ação das medicações mais estudadas ainda são escassos. Metodologia: Com o objetivo de compilar os possíveis mecanismos de ação de medicações off label na COVID-19, foi realizada uma revisão nas bases de dados: Periódicos CAPES, Scielo, MEDLINE/PubMed, LILACS e enciclopédias validadas, sendo considerados artigos de dezembro de 2019 a abril de 2021. Resultados/Discussão: Foram revisados 77 artigos, os quais apresentaram como uso off label na COVID-19. Alguns antiparasitários, como a ivermectina e a nitazoxanida, têm demonstrado eficácia contra a atividade viral em pesquisas in vitro nas últimas décadas, entretanto, estudos também apontam a necessidade de doses acima das permitidas para ação eficaz in vivo. Em relação aos anti-inflamatórios não esteroidais, o seu uso está relacionado aos efeitos analgésicos e antipiréticos, uma vez que a inflamação local envolve a produção de prostaglandinas pela COX-2 inflamatória e o recrutamento e a ativação de células efetoras. O uso de corticoides foi associado à redução dos níveis de citocinas pró-inflamatórias e, devido a sua capacidade de diminuir a proliferação celular, estão sendo utilizados como adjuvantes no tratamento de formas graves da COVID-19. Já no que diz respeito aos anticoagulantes, a heparina foi a mais amplamente utilizada, sendo o seu mecanismo de ação sugerido o aumento dos níveis de antitrombina III com consequente redução de efeitos trombóticos, relatados na COVID-19. Diversas classes de antibióticos têm sido empregadas no manejo da COVID-19 por apresentarem afinidade por tecidos pulmonares, propriedades antivirais e imunomodulatórias, bem como eficácia contra infecções bacterianas associadas à doença. Quanto aos antivirais, alguns foram testados para o manejo da COVID-19. Dentre eles, o Remdesivir obteve mais sucesso, devido ao seu mecanismo de ação como terminador de cadeia, que coíbe a replicação viral. Esse fármaco já recebeu autorização da Food and Drug Administration para uso em pacientes internados com o quadro confirmado da doença ou com suspeita. No entanto, mais estudos ainda precisam ser feitos para confirmar a eficácia dessa droga. Conclusão: Diversos fármacos foram empregados de maneira off label no manejo de pacientes com suspeita ou comprovação de infecção pelo SARS-CoV-2 a partir de experiências prévias em pandemias ou epidemias de vírus semelhantes ao da COVID-19, alguns já foram descartados, pela relação desproporcional risco versus benefício e outros têm se mostrado potenciais agentes terapêuticos. Apesar disso, poucos mecanismos de ação e efetividade absoluta foram estabelecidos na literatura. Assim, mais estudos são necessários para elucidar tais questionamentos, a fim de apontar uma droga segura e eficaz de fato na COVID-19.
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Barreto, B. P. P., Arraes, G. G. de M., Cambraia, L. da S., Macedo, L. F., Bührnheim, M. E. S., Oliveira, R. de C. S. de, … Bastos, T. da R. (2021). Drogas off label na COVID-19: Mecanismo de ação e atualizações The use of off label drugs for COVID-19: Mechanisms of action and updates. Brazilian Journal of Health Review, 4(3), 10247–10269. https://doi.org/10.34119/bjhrv4n3-053
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