O GRANITO SERRA DOS CARAJÁS, PARÁ: II. CARACTERIZAÇÃO DOS FLUIDOS AQUOSOS E ALTERAÇÃO HIDROTERMAL

  • RIOS F
  • VILLAS R
  • FUZIKAWA K
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Abstract

As rochas expostas na pedreira localizada na extremidade norte do granito Serra dos Carajás mostram uma alteração hidrotermal fraca, ainda que ubiquamente presente. Associados à ela ocorrem sulfetos de Cu e Mo que constituem, contudo, uma mineralização economicamente inexpressiva. As principais evidências de alteração hidrotermal estão na cloritização dos minerais máficos, sericitização ou argilização dos feldspatos e epidotização da biotita, além da albitização, carbonatação e, em menor grau, da silicificação das rochas. A avaliação das perdas e ganhos absolutos revelou uma transferência global de massa do granito para as soluções aquosas, registrando-se os mais altos valores (0,21 g/cm3) nas rochas silicificadas e albitizadas. Para uma densidade de 2,69 g/cm3 para o granito não alterado, o maior valor corresponde a uma perda líquida equivalente a cerca de 8%. Dentre os produtos da alteração hidrotermal, destacam-se veios que se formaram pelo preenchimento de fraturas que cortam o corpo granítico em várias direções. Identificaram-se três tipos principais de veios de acordo com a associação mineralógica que eles contêm: 1) calcita-sulfetos; 2) quartzo-albita-clorita-epidoto-turmalina-calcita-fluorita-sulfetos; e 3) sulfetos. Dados microtermométricos em inclusões fluidas em cristais de quartzo, calcita e fluorita acusaram um amplo intervalo termal para a precipitação desses minerais (>520 a 130°C) com um hiato entre 520°C e cerca de 200°C, o qual foi atribuído à mistura de fluidos. Soluções aquosas muito salinas exsolvidas do magma granítico são responsáveis pelas temperaturas mais altas, enquanto aquelas mais diluídas respondem pela faixa de temperaturas mais baixas. Estas últimas, derivadas das rochas encaixantes, bem mais frias e ricas em espécies de carbonates e sulfetos, penetraram no corpo granítico, misturando-se com os fluidos aquosos magmáticos ou precipitando diretamente sua carga metálica em planos de fratura. Inclusões fluidas em cristais de calcita das vênulas resultantes deste processo apresentam, contrariamente aos veios de estrutura complexa, uma relação inversa entre salinidade e temperatura de homogeneização, o que dá suporte à interpretação de essas soluções derivarem de fonte externa ao granito. Utilizando-se o subsistema FeO-H2S-H2O-O2, foram fixadas, a 200°C, valores de fugacidades de O2 no intervalo de 10-40 a 10-45 atm, bem como fugacidades de H2S superiores a IO'5 atm, com base na escassez de óxidos de ferro (magnetita e hematita) e na ausência de pirrotita. Da mesma forma, o subsistema CaO-Al2O3-SiO2-HFH2O, à mesma temperatura, permitiu estimar valores para log(aCa++ / a2 H+) e log(aH+ .aF-) respectivamente em 8,9 e -9,6, que foram deduzidos a partir da superfície de saturação da fluorita dentro do campo de estabilidade da caolinita, mas fora dos campos da laumontita e do topázio, ambos ausentes no sistema hidrotermal do granito Carajás no setor estudado. Para a fugacidade de CO2, foram estimados valores entre 0,2 e 2 atm na faixa de temperatura entre 150 e 200°C, observadas aquelas mesmas restrições.

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RIOS, F. J., VILLAS, R. N., & FUZIKAWA, K. (1995). O GRANITO SERRA DOS CARAJÁS, PARÁ: II. CARACTERIZAÇÃO DOS FLUIDOS AQUOSOS E ALTERAÇÃO HIDROTERMAL. Revista Brasileira de Geociências, 25(1), 32–40. https://doi.org/10.25249/0375-7536.19953240

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