Neste artigo, defendo que as políticas de promoção da qualidade de vida no trabalho atualmente adotadas pelas empresas podem servir como um paliativo para aliviar os sintomas provocados pela intensificação do trabalho, mas não logram resolver as causas estruturais dos problemas enfrentados pelos trabalhadores. Reforço esta idéia argumentando que a necessidade de 'humanizar' o trabalho tem tradição na preocupação gerencial e, reafirmando a polissemia, a não materialidade e a relatividade do conceito de 'qualidade de vida no trabalho', demonstro que ele é um modismo gerencial que assume sentidos distintos nas representações de gestores e de trabalhadores e que, atualmente, o trabalho não oferece condições para que os trabalhadores realizem o processo de adaptação biopsicossocial necessário para garantir a vida. Defendo a adoção da noção de 'condições de vida' porque ela remete ao controle dos trabalhadores sobre as relações e condições de trabalho como uma possibilidade, o que requer entender o processo de produção de conhecimento sobre o trabalho como representações socialmente construídas e partilhadas.In this paper, I argue that policies to promote quality of life at work currently adopted by enterprises can serve as a stopgap measure to relieve symptoms caused by the intensification of work, but failed to address the structural causes of the problems faced by workers. I reinforce this idea by arguing that the need to "humanize" work has a tradition of managerial concern. I demonstrate by reaffirming polysemy, the non-materiality and the relativity of the concept of 'quality of work life', that the latter is a management fad that has different meanings in managers and workers representations and that work currently does not provide conditions for workers to carry out the process of biopsychosocial adaptation necessary to guarantee life. I support the adoption of the concept of 'living conditions' because it refers to workers' control over working relations and working conditions as a possibility, which requires the understanding of the process of work knowledge production as socially constructed and shared representations.
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Scopinho, R. A. (2009). Qualidade de vida versus condições de vida: um binômio dissociado. Trabalho, Educação e Saúde, 7(3), 599–607. https://doi.org/10.1590/s1981-77462009000300013
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