Foi o regime literário que produziu o Ocidente. No nosso tempo, todavia, o regime literário perdeu centralidade. Hoje, a cultura tem uma predominância tecnológica, sendo através deste processo de mediação que se exprime, cada vez mais, a vida contemporânea. Com efeito, os novos territórios, paisagens, atmosferas e ambientes tecnológicos levaram as comunidades humanas a circum-navegar sites, portais, blogues, videojogos, aplicações, repositórios digitais, museus virtuais, e também realidades virtuais implantadas em ambientes imersivos. Um tal processo teve como consequência a multiplicação dos conteúdos e a convergência de formatos, plataformas informáticas e linguagens. O movimento de aparelhamento tecnológico da cultura expandiu a experiência humana. Podemos falar, nestas circunstâncias, de uma galáxia de novos fluxos, ressonâncias, ritmos, cadências, sonoridades, durações, vibrações, que permitem a abertura das comunidades humanas à configuração de novas possibilidades de futuro. Entretanto, a expansão da experiência humana abriu também a possibilidade de novas narrativas sobre o humano. A essas narrativas damos-lhe o nome de narrativas transmediáticas, por se apoiarem na convergência dos média digitais. Este estudo interroga as narrativas transmediáticas, que se desdobram através de múltiplas plataformas. Procuramos saber em que medida estas narrativas constituem uma escrita criativa e literária, uma escrita que não responda apenas a necessidades de gestão e de comunicação política, nem se esgote na repetição, adaptação e propagação da mesma história.
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Martins, M. de L. (2020). Tecnologia e literatura: as narrativas transmediáticas. Letras de Hoje, 55(1), 34786. https://doi.org/10.15448/1984-7726.2020.1.34786
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