manecido imóvel, sem esboçar qualquer reação. A víti-ma morreu ao dar entrada no hospital. Esta selvageria e crueldade não ocorrem apenas nos assaltos. Em Brasília, um fato recente chocou o país. Jovens de classe média alta atearam fogo ao corpo de um índio que dormia nas ruas da cidade. E, na tentativa de se defenderem perante a polícia, argumentaram que não sabiam que a vítima era um índio, que pensaram que era "apenas um mendigo" e que tinham jogado gasolina e posto fogo às suas vestes "por brincadeira". Esses relatos somam-se ao daqueles que vivem nos bairros populares das cidades brasileiras. O cotidiano dos moradores de bairros da periferia de São Paulo transfor-mouse radicalmente, no início dos anos 80, com a vio-lência. Um dos eventos que traduz bem essa situação é a estória das gangues do "Bronx"e dos "Ninjas", que atua-ram entre 1993 e 1998, no Jardim Ângela, na zona sul da cidade de São Paulo. Em 1992, um ex-policial militar do bairro resolveu formar uma "guarda-mirim" reunindo adolescentes, e os ensinou a atirar para que defendessem a população da região, tentando mantê-los afastados dos traficantes de drogas. Entretanto, acabou sendo assassi-nado por um dos integrantes da guarda, que se transfor-mou na gangue do Bronx, nome inspirado nos filmes norte-americanos vistos pelos garotos. Especializados em tráfico de drogas e cobrança de pedágio de moradores e comerciantes da região, os membros da gangue mataram, entre 1993 a 1997, segundo levantamento oficial da polí-cia, 136 pessoas. Com a prisão de suas principais lide-ranças, um outro grupo, também formado por adolescen-tes e jovens, ocupou seu lugar, passando a disputar a bala
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Costa, M. R. da. (1999). A violência urbana é particularidade da sociedade brasileira? São Paulo Em Perspectiva, 13(4), 3–12. https://doi.org/10.1590/s0102-88391999000400002
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