Em dezembro de 1999, o Prof. Eduardo Viveiros de Castro, do Museu Nacio-nal (UFRJ), proferiu a aula inaugural do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da UFSC, quando gentilmente nos concedeu esta entrevis-ta, videografada. Apresentamos aqui uma edição da mesma -feita por Rafael José de Menezes Bastos, autor também das notas-, revistas pelo entrevistado. Menezes Bastos -Seus textos sobre os yawalapití foram muito im-portantes na seqüência de suas investigações. Tipicamente aqueles sobre corporalidade. Inclusive o famoso artigo que você escreveu com Seeger e DaMatta'. Este pode ser visto como uma espécie de projeto, que orientou mais de uma década de pesquisas. Tudo isso remete ao Museu Nacional, ao PPGAS. Gostaria que você falasse sobre o ambiente intelectual dessa época no PPGAS. Particularmente sobre Seeger, que sempre me pareceu ter tido um papel especial-mente relevante no engendramento da etnologia regional das últi-mas décadas. Viveiros de Castro -Sem dúvida. Olhando isso a partir de hoje, das gerações mais novas, poderia se imaginar que a etnologia sem-pre foi uma área forte no Museu. Nada disso. É verdade que o PPGAS foi fundado por etnólogos, em 1968: Roberto Cardoso de Oliveira — na época ainda muito próximo da etnologia —, David Maybury-Lewis — que acabava de publicar sua monografia sobre os Xavante e que então coordenava um grande projeto de estudos sobre os jê do Brasil central —, e Luís de Castro Faria. Mas em pouco tempo, por algum motivo, a etnologia entrou em baixa ali. Minha dissertação de mestrado — a trigésima sétima defendida na instituição — foi apenas a terceira ou quarta que tratava de povos indígenas, muito tempo após as de Paulo Marques Amorim e George Zarur, concluídas nos primórdios do PPGAS 2. Após essas duas, houve um longo período em que a etnologia praticamente desapa-receu do Museu. Pois Roberto Cardoso logo foi para Brasília, em seguida ao Melatti e ao Roque3. Matta, que havia permanecido,
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Barcellos, L., & Lambert, C. (2012). Entrevista com Eduardo Viveiros de Castro. Primeiros Estudos, 0(2), 251. https://doi.org/10.11606/issn.2237-2423.v0i2p251-267
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