Diante do que considera uma estreiteza disciplinar das ciências ligadas à sociedade e à natureza, que impedem visão de conjunto da problemática ecológico-econômica, a Economia Ecológica surge sem dependência, seja da economia, seja da ecologia, resultando de integração entre elas. A universidade possui disciplinas(unidimensionais); o mundo real tem problemas concretos (multidimensionais; caso dos socioambientais). Fronteiras disciplinares são construtos acadêmicos arbitrários. O aparecimento da Economia Ecológica se direciona para o tratamento desse embate. A conclusão não pode ser outra: a Economia Ecológica não constitui um ramo da economia (nem da ecologia). A enormidade do impacto devastador da escala humana no resto da criação resulta do fato de que, crescer significa usar o meio ambiente: envolve “custos de oportunidade” ambientais. Entretanto, a visão dominante da economia (“economia convencional”, ou visão econômica da economia) ignora completamente a dimensão dos recursos da natureza em seu modelo. Quando muito, o que faz é imaginar o meio ambiente como apêndice da economia-atividade (economia ambiental, ou visão econômica do meio ambiente). Para a Economia Ecológica, a questão é conceber a economia-atividade como sistema aberto dentro do ecossistema. Nessa ótica, não se entende que haja criação de riqueza. Há, sim, transformação (metabolismo) de matéria e energia de baixa entropia em matéria e energia de alta entropia – como estabelecem as incontornáveis leis da termodinâmica. Essa perspectiva significa a visão ecológica da economia. Ou seja, corresponde a dizer que existirá uma escala máxima sustentável do sistema econômico com respeito ao ecossistema. A questão, pois, é encontrar a escala ótima do macrossistema econômico, o qual não passa de um subsistema aberto do ecossistema global (termodinamicamente fechado). A economia não pode ultrapassar limites ditados pela natureza, sobretudo quanto à observância de limitações decorrentes das leis da termodinâmica. Na visão da Economia Ecológica, a natureza é condição de suporte insubstituível, único, de tudo o que a sociedade pode fazer. Tal posição equivale a rejeitar paradigmas vigentes que levam a verdadeiro culto do crescimento econômico.
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Cavalcanti, C. (2015). Pensamento socioambiental e a economia ecológica: nova perspectiva para pensar a sociedade. Desenvolvimento e Meio Ambiente, 35. https://doi.org/10.5380/dma.v35i0.43545
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