O trabalho trata do estatuto do corpo em psicanálise, partindo do conceito de neurose atual, e procurando analisar as razões pelas quais Freud o foi deixando de lado. A seguir, partindo das idéias de autores pós-freudianos ligados à escola francesa de psicossomática, são propostas articulações entre as neuroses atuais e os conceitos freudianos de trauma e pulsão de morte. Por fim, examina-se o aproveitamento clínico desta empreitada. Grosso modo, defende-se a idéia de que o corpo, em psicanálise, trata-se essencialmente de um "resto", e que tal “resto” é simultaneamente resto da teoria - aquilo que foi, num determinado momento, abandonado como objeto psicanalítico - e “resto” do sujeito psíquico em sua ontogênese, ou seja, o seu patrimônio genético herdado, que fica aquém da formação de um sujeito psíquico fundado na linguagem (e, portanto, marcado pela simbolização), e cujo funcionamento obedece aos esquemas filogenéticos ainda não singularizados. Retoma-se, assim, a distinção entre corpo somático e corpo erógeno, marcada pela ação do apoio (Anlehnung), ou da subversão libidinal, conforme terminologia de C. Dejours.
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Ferraz, F. C. (2010). A somatização no campo da psicopatologia não-neurótica. Revista Da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar, 13(2), 176–191. https://doi.org/10.57167/rev-sbph.13.434
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