Darwin e o colapso do projeto epistemológico fundacional moderno

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O colapso do projeto epistemológico fundacional do século XVII tem levado alguns autores a declarar que a epistemologia está morta. Tem havido, nas últimas décadas, um recuo em direção a uma abordagem pragmática do conhecimento, segundo a qual nada há a ser dito a respeito do conhecimento exceto o que possa vir a resultar de uma investigação sobre os modos como certas crenças se formam ou, alternativamente, um esforço, inspirado em Kant e em Heidegger, de superar a epistemologia via crítica das premissas antropológicas subjacentes ao anseio cartesiano por conhecimento apodítico. Dificilmente se percebe, entretanto, que Popper iniciou toda essa discussão sobre a pertinência do projeto epistemológico fundacional moderno sem, entretanto, decretar que qualquer projeto epistemológico concebível está necessariamente fadado ao fracasso. Ele vislumbrou uma solução no pensamento evolutivo darwiniano. Argumenta-se aqui que abordar o conhecimento à luz da evolução permite-nos evitar tanto o anseio por fundamentos últimos de validação do conhecimento, peculiar ao projeto epistemológico do século XVII, quanto a insustentável demanda, comum ao recuo pragmatista, tão em voga nos dias atuais, e ao esforço kantiano-heideggeriano de “superar a epistemologia”, de que todo corpo de conhecimento seja confinado ao seu próprio tempo – ou, em outras palavras, de que o passado se torne irrelevante para o presente.

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Freitas, R. S. de. (2004). Darwin e o colapso do projeto epistemológico fundacional moderno. Scientiae Studia, 2(3), 313–325. https://doi.org/10.1590/s1678-31662004000300002

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