Este artigo analisa o sistema de parentesco dos Piro da Amazônia peruana como um sistema autopoiético, isto é, como um sistema que gera suas próprias condições de existência. O postulado teórico central é que o parentesco é um sistema de subjetividade, pois as estruturas básicas da consciência humana envolvem necessariamente a consciência de um eu em meio aos outros. Um dos objetivos aqui perseguidos é o de contribuir para que a antropologia simbólica possa voltar a fazer um uso fecundo da noção de "natureza humana". A análise parte de uma narrativa, "O Nascimento de Tsla", em que se encontram encapsulados - na mensagem como nas condições pragmáticas de enunciação desse mito - os princípios fundamentais do parentesco piro, acompanhando a ontogênese dos seres humanos e mostrando o papel constitutivo, nessa ontogênese, da linguagem e da alteridade.This article analyzes the kinship system of the Piro of Peruvian Amazonia as an autopoeitic system, that is, as a system which generates its own existential conditions. The central theoretical postulate is that kinship is a system of subjectivity, since the basic structures of human consciousness necessarily involve being conscious of an I amid others. One of the article's objectives is to provide schemata enabling symbolic anthropology to return to a fertile use of the notion of "human nature". The analysis departs from a narrative, "The Birth of Tsla", which encapsulates - in both the message and the pragmatic conditions of the myth's enunciation - the fundamental principles of Piro kinship; this is followed by an analysis of the ontogenesis of human beings, which reveals the constitutive role, in this ontogenesis, of language and alterity.
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Gow, P. (1997). O parentesco como consciência humana: o caso dos piro. Mana, 3(2), 39–65. https://doi.org/10.1590/s0104-93131997000200002
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