O presente artigo é uma reflexão sobre dinâmicas associativas de jovens no Moçambique pós colonial. O objectivo desta reflexão foi identificar e analisar as motivações de engajamento dos jovens nesses agrupamentos. Baseando-se em aproximações empíricas feitas a duas associações de jovens - Associação Aro Juvenil e Associação Positiva Juvenil - a análise demonstra que dinamica associativa de jovens mete em evidência relações complexas entre identidade, contexto, o privado, o público e o afectivo. Embora haja múltiplas motivações, a adesão dos jovens em associações associa trajectórias e expectativas individualizadas. A nível discursivo, a entrada na vida associativa representa uma forma de legitimação sóciopolítica em resposta a um discurso que considera os jovens passivos e pouco intervenientes na solução dos problemas que lhes afecta em particular e à sociedade no geral. A nível das práticas associativas quotidianas, os jovens reintrepretam e dão outro sentido às motivações do seu engajamento: para lá dos objectivos formais, pretensamente desenvolvimentistas, altruistas e humanitários, o associativismo é uma estratégia de vida e de realização de projectos individuais. Criar uma associação e/ou nela aderir pode significar maiores possibilidades de aceder e controlar recursos e capitais diversificados como emprego/profissão, dinheiro, trabalho, poder, reconhecimento e prestigio, formações entre outros que de outra forma não seria possível.This article reflects on youth associations dynamics in Postcolonial Mozambique. The aim is to identify and analyze motivations for young people's involvement in such groups. Based on empirical work with two youth associations - namely "Associação Aro Juvenil" and "Associação Positiva Juvenil" - the assessment finds that youth associations dynamics highlights intricate relationships involving identity, context, private, public and affective milieus. Although there are multiple motivations, young people's adherence to associations is combined with individual life stories and expectations. At the discourse level, entrance to the associative life represents a form of socio-political legitimation in response to other narratives that consider young people very passive and less intervening in finding solutions to their own problems, and society's in general. At the level of day-to-day practices, young people re-interpret and give a different sense to their motivations and commitment: beyond formal objectives - arguably development-oriented, altruistic and humanistic - associations are a life strategy for the accomplishment of individual achievements. To create an association and/or take part in one may imply greater possibilities of accessing and controlling diversified resources and capitals, such as a job/occupation, money, work, power, recognition, prestige, and training, among others, which would be otherwise impossible.
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Biza, A. M. (2009). Jovens e associações em Moçambique: motivações e dinâmicas actuais. Saúde e Sociedade, 18(3), 382–394. https://doi.org/10.1590/s0104-12902009000300004
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