A pílula anticoncepcional, contraceptivo reversível mais utilizado no Brasil, torna-se, na mídia, motivação para a produção de discursos sobre a mulher. Se sua invenção facultou a dissociação entre a prática sexual e a maternidade, atualmente o medicamento é considerado nocivo em alguns contextos. A partir da perspectiva teórica da genealogia, analisamos quais são as invenções possíveis do feminino a partir dos discursos sobre a pílula hoje. Como metodologia, utilizamos a análise do discurso de reportagens da revista Veja e de postagens em grupos de contracepção não hormonal no site de rede social Facebook. Os resultados mostram que, nas matérias, o medicamento aparece como motor de emancipação da mulher; enquanto nos grupos novos ativismos levantam a bandeira do corpo sem pílula como ação política pela conquista da liberdade. Concluímos que, no regime de saber-poder contemporâneo, o resgate do corpo feminino natural se reconfigura como um dispositivo de liberdade frente ao controle da medicalização.
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Leal, T., & Bakker, B. (2017). A mulher bioquímica: invenções do feminino a partir de discursos sobre a pílula anticoncepcional. Revista Eletrônica de Comunicação, Informação e Inovação Em Saúde, 11(3). https://doi.org/10.29397/reciis.v11i3.1303
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