Nomeando o inominável. A problematização da violência obstétrica e o delineamento de uma pedagogia reprodutiva contra-hegemônica

  • Tempesta G
  • França R
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Resumo No bojo do movimento de humanização do parto e nascimento no Brasil, doulas e educadoras perinatais vêm se apropriando de certos conhecimentos biomédicos e combinando-os a conhecimentos “tradicionais” ou “alternativos” em torno do parto. Na última década, muitas delas passaram a falar abertamente sobre violência obstétrica e a legitimar o direito das mulheres a narrar o sofrimento experimentado, compondo um outro referencial de cuidado, articulado a uma pedagogia reprodutiva contra-hegemônica. A partir de uma mirada interseccional, propomos pensar a doulagem associada à educação perinatal como prática de problematização dos pressupostos culturais mais gerais em torno dos quais se organizam as hierarquias reprodutivas vigentes e o modelo obstétrico hegemônico. Sugerimos que a presente contribuição permite ampliar o debate sobre governança reprodutiva para além do fundamento liberal do paradigma dos direitos sexuais e reprodutivos, de modo a acolher as premissas da luta por justiça reprodutiva.Abstract In the midst of the humanization movement for childbirth and birth in Brazil, doulas and perinatal educators have been appropriating certain biomedical knowledge and combining it with “traditional” or “alternative” knowledge around childbirth. In the past decade, many of them come to speak openly about obstetric violence and to legitimize the right of women to narrate the suffering experienced, composing another paradigma of care, articulated to a conter-hegemonic reproductive pedagogy. From an intersectional view, we propose to think of the doulage associated with perinatal education as a practice of problematizing the more general cultural assumptions around which the current reproductive hierarchies and the hegemonic obstetric model are organized. We suggest that the present contribution makes it possible to broaden the debate on reproductive governance beyond the liberal foundation of the sexual and reproductive rights paradigm, in order to accommodate the premises of the struggle for reproductive justice.

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Tempesta, G. A., & França, R. L. de. (2021). Nomeando o inominável. A problematização da violência obstétrica e o delineamento de uma pedagogia reprodutiva contra-hegemônica. Horizontes Antropológicos, 27(61), 257–290. https://doi.org/10.1590/s0104-71832021000300009

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