A política de incêndios seguida em Portugal reflete a tendência da evolução da área ardida nos últimos 50 anos, com o crescente poder devastador dos incêndios, demasiadas vezes associados à perda de vidas humanas e a prejuízos socio-económico-ambientais incalculáveis.Na década de 80 do século XX foi iniciado o ciclo de reforço dos meios de extinção aos incêndios florestais em detrimento da sua prevenção. A Lei de Bases da Política Florestal publicada em 1996 veio dar um sinal de reorientação das políticas, porém o pendor de reforço do combate manteve-se.Na resposta de emergência aos grandes incêndios ocorridos em 2003, o período 2004 a 2008 constituiu uma “bolha” experimental da “economia da prevenção”, mas o peso do paradigma de reforço da proteção civil não contrariou o contexto de abandono agrário e ignorou a acumulação de elevadas cargas de combustível na paisagem.O ano fatídico de 2017 abre espaço para uma nova possibilidade de desenvolvimento harmonioso dos espaços rurais, com a integração inteligente das atividades e potencialidades existentes nos territórios. A administração do Estado deve evoluir contrariando a tendência da repetição de rotinas. A resistência à mudança é natural, mas é preciso encarar com seriedade a necessária transformação das entidades responsáveis pelo Sistema.
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Mateus, P. (2018). Encruzilhada 2017 – no arremate dos incêndios - dinâmicas e políticas. Territorium, (26(II)), 7–14. https://doi.org/10.14195/1647-7723_26-2_1
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