Fronteiras da pesquisa sobre governança corporativa: uma análise epistemológica

  • Campos G
  • Diniz J
  • Martins G
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Abstract

As pesquisas sobre governança corporativa começaram a tomar forma científica a partir do século XX. Tradicionalmente, verifica-se que elas têm adotado uma abordagem focada quase que exclusivamente na resolução de conflitos de interesse (problemas de agência) entre gerência corporativa e acionista (Jensen e Meckling, 1976; Fama, 1980; Fama e Jensen, 1983; Eisenhardt, 1989) num ambiente corporativo, cujas empresas apresentam seu capital aberto, em um horizonte temporal restrito a datas próximas da pesquisa. Isso se dá por existir uma lacuna na literatura acadêmica utilizada na construção dessas pesquisas. A epistemologia da ciência preconiza que os avanços em qualquer área de conhecimento estão atrelados à busca de ampliação de suas fronteiras. Ampliar as fronteiras de pesquisa em governança corporativa, segundo Brennan e Solomon (2008), consiste em retirar a governança corporativa de um estado inercial, o qual se caracteriza como um obstáculo epistemológico a essa área do conhecimento, conforme acentua Bachelard (1996). Nesse contexto, surge o problema a ser investigado neste artigo: qual a amplitude da exploração das fronteiras de pesquisa sobre Governança Corporativa presentes nas publicações em Congressos e Encontros de Contabilidade no Brasil, no período de 2006 a 2008? Alinhado a esse problema, o objetivo dessa investigação consiste em identificar e analisar as publicações brasileiras sobre governança corporativa dentro do contexto da contabilidade e finanças, evidenciando as fronteiras de pesquisas: estrutura teórica, mecanismos de accountability, metodologia e técnica aplicada, setores e contexto, globalização e horizonte temporal. Para alcançar esse intento, foi feito um levantamento nos artigos publicados em anais de Congressos e Encontros Nacionais de Contabilidade ou que se incluíam na área específica de Contabilidade e que apresentavam qualificação pela CAPES com Conceito A. A coleta de dados foi feita a partir da análise documental dos artigos analisados dentro do período de 2006 a 2008. Os resultados revelaram que as pesquisas brasileiras sobre governança corporativa têm feito uso quase que exclusivo das fronteiras apontadas como tradicionais. Na fronteira da estrutura teórica, há uma evidência maior da teoria da agência, muito embora já se vislumbrem pesquisas que ampliaram esta visão para estruturas teóricas que abordam as teorias de Stakeholder, Teoria do Acionista Esclarecido, Dependência de Recursos, Stewardship, Institucional e do Proprietário. Quanto à fronteira de mecanismos de responsabilidade, a pesquisa brasileira tem focado em uma variedade de mecanismos de responsabilidade em governança corporativa voltada, na sua maioria, para os acionistas, mediante instrumentos regulatórios, transparência, conselho de auditoria. No que tange às fronteiras metodológicas, setor/contexto, globalização e horizonte temporal, pode-se observar que a abordagem dominante ainda é a abordagem tradicional.

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Campos, G. M., Diniz, J. A., & Martins, G. D. A. (2011). Fronteiras da pesquisa sobre governança corporativa: uma análise epistemológica. Enfoque: Reflexão Contábil, 30(2). https://doi.org/10.4025/enfoque.v30i2.12778

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