Os fatores determinantes do envelhecimento, a nível da população de um país, são, fundamentalmente, ditados pelo comportamento de suas taxas de fertilidade e, de modo menos importante, de suas taxas de mortalidade. Para que uma população envelheça, é necessário, primei-ro, que haja uma queda da fertilidade; um menor ingresso de crianças na população faz com que a proporção de jovens, na mesma, diminua. Se, simultânea ou posterior-mente, há também uma redução das taxas de mortalidade (fazendo com que a expectativa de vida da população, como um todo, torne-se maior), o processo de envelhecimento de tal população torna-se ainda mais acentuado. Tal processo é dinâmico, estabelece-se cm etapas sucessivas e é, comu-mente, conhecido como "transição epidemiológica ou de-mográfica". Na sua etapa inicial, as taxas de fertilidade são altas e a mortalidade está concentrada nos segmentos mais jovens da população; progressivamente, as taxas de mortalidade decrescem, aumentando a percentagem de crianças e prolongando a sobrevida, enquanto as taxas de fertilidade diminuem-fazendo com que, proporcional-mente, os grupos de mais idade aumentem em relação aos mais jovens. Finalmente, quando as taxas de fertili-dade e de mortalidade se mantém baixas, há um progressivo aumento, na proporção de adultos, na população, incluin-do, naturalmente, os mais idosos. Neste estágio da transi-ção epidemiológica, a "pirâmide" populacional passa a apresentar uma configuração retangularizada, característica das populações européias de hoje, por exemplo. O Brasil está em franco processo de envelhecimento, tendo já atravessado as etapas iniciais do processo de transi-ção epidemiológica e mesmo (no caso de algumas áreas loca-lizadas de regiões metropolitanas mais desenvolvidas) atin-gido seu estágio final. Até a década de 50 ou mesmo 60, as características demográficas do país indicavam uma popula-ção bastante jovem, com altas taxas de fertilidade e taxas de mortalidade que apenas começavam a diminuir. A partir de então, teve início um processo de redução das taxas de fertilidade que, nos últimos anos, vem se acelerando. Para o País, como um todo, as taxas de fertilidade diminuíram em cerca de 30%, entre 1970 e 1980, diminuição esta, que se verificou em todas as regiões do Brasil, tanto nas zonas
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Kalache, A. (1987). Envelhecimento populacional no Brasil: uma realidade nova. Cadernos de Saúde Pública, 3(3), 217–220. https://doi.org/10.1590/s0102-311x1987000300001
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