Na Ucrânia, uma ex-colônia do Império Russo e ex-república da União Soviética, entre novembro de 2013 e fevereiro de 2014, milhares de pessoas tomaram as ruas dos centros urbanos, principalmente a Maidan Nezalejnosti, a praça principal de Kiev. Os manifestantes reivindicavam a assinatura de um acordo de livre-comércio com a União Europeia. Como o presidente decidiu adiar a assinatura do acordo, em prol do estreitamento dos laços com a Rússia, o movimento de protesto passou a reivindicar a renúncia do governo. O processo revolucionário assim desencadeado, conhecido como EuroMaidan ou Revolução da Dignidade, representaria um espaço-tempo liminar, durante o qual formas e ações simbólicas seriam negociadas para a conformação de uma nova ideologia de nation-building, marcada por uma forte distanciação dos vínculos históricos com a Rússia. Trata-se aqui de apresentar algumas reflexões etnográficas sobre as formas e ações simbólicas de uma nação em vias de reconstrução a partir de observações realizadas em Kiev na primeira metade de fevereiro de 2014.
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Gontijo, F. (2020). Nação, simbolismo e revolução na Ucrânia: experiência etnográfica tensa na/da liminaridade. Revista de Antropologia, 63(3). https://doi.org/10.11606/1678-9857.ra.2020.178853
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