Introdução A única unidade que é possível, portanto, reivindi-car a respeito destes temas [exclusão, underclass e margi-nalidade] é que eles colocam em causa, só por sua pre-sença, os princípios que fundamentam a ordem social. Didier Fassin, 1996. Este ensaio tem por objetivo analisar os sig-nificados de uma discussão que se apóia em temas e termos diversos nos Estados Unidos e na Fran-ça, com comentários finais acerca da sociedade brasileira. Não pretendo fazer um estudo compa-rativo, pois trata-se antes de realizar o que pode ser designado de olhares cruzados, captando o que há de essencial no debate acadêmico dessas sociedades. O tema diz respeito à vasta parcela daqueles que estão à margem, desligados ou de-senraizados dos processos essenciais da socieda-de. Trata-se daquilo que se convencionou deno-minar os excluídos, noção ampla e escorregadia que se tornou uso corrente e que necessita ser tra-balhada empírica e teoricamente. É a trajetória desta questão que pretendo realizar, reafirmando que o intento é clarear o nebuloso e complexo debate acerca dos contingentes não incluídos nas ci-dades, mesmo porque as populações rurais fogem do escopo deste ensaio. Não são poucos os estudos que discutem este tema de forma a cotejar os desafios interpre-tativos que decorrem de realidades nacionais dis-tintas. 1 Mas são raríssimos os que introduzem nes-ta discussão a produção latino-americana que tem início no final dos anos de 1960 (Fassin, 1996).
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Kowarick, L. (2003). Sobre a vulnerabilidade socioeconômica e civil: Estados Unidos, França e Brasil. Revista Brasileira de Ciências Sociais, 18(51), 61–86. https://doi.org/10.1590/s0102-69092003000100006
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