A surdez na política de saúde brasileira: uma análise genealógica

  • Vianna N
  • Andrade M
  • Lemos F
  • et al.
N/ACitations
Citations of this article
14Readers
Mendeley users who have this article in their library.

Abstract

Resumo A surdez é compreendida a partir de dois discursos - o clínico-terapêutico e o socioantropológico. O artigo objetiva realizar uma análise genealógica da surdez, ou seja, das práticas de saber e poder, na política de saúde brasileira. É uma pesquisa qualitativa, documental, que se baseia em pressupostos teóricos de Michel Foucault. Foram selecionados 13 documentos normativos e 10 informativos, assim como realizadas oito entrevistas semiestruturadas, com amostra não probabilística, utilizando-se a técnica bola de neve. A análise mostrou que as políticas de saúde voltadas às pessoas com deficiência auditiva são efeito das relações de poder e saber existentes no campo da surdez, no qual o discurso médico-patológico, que concebe a surdez como uma deficiência a ser corrigida, é tido como o discurso verdadeiro. O discurso socioantropológico, que reconhece o surdo pelo olhar da diferença e pelo uso da língua de sinais, é um discurso sujeitado, que não tem encontrado espaços na política de saúde. Foram colocados em evidência os contrassensos entre as conquistas ligadas ao acesso às tecnologias e as proposições do setor saúde, cuja política direciona suas ações exclusivamente para o alcance de uma norma ouvinte, desconsiderando a multiplicidade dos sujeitos surdos.Abstract Deafness can be understood from the clinical-therapeutic and the socio-anthropological perspectives. The study aims to perform a genealogical analysis of deafness; that is, an analysis of the practices of knowledge and power in Brazilian health policy. This is a qualitative, documentary study based on the theoretical assumptions of Foucault. Researchers selected 23 documents and conducted eight semi-structured interviews, which were also considered documents, with a non-probabilistic sample using the snowball technique. The genealogical analysis showed that health policies aimed at people with hearing impairment result from the power and knowledge relationships in the field of deafness, in which the medical-pathological discourse is seen as the real perspective, understanding deafness as a disability to be corrected. The socio-anthropological approach, which recognizes the deaf through the perspective of difference and the use of sign language, is a subject discourse that has not found space in health policy. The study highlighted the contradictions between the achievements related to the access to technologies and the propositions of the health sector, whose policy directs its actions exclusively to reach a listening standard, disregarding the multiplicity of deaf individuals.

Cite

CITATION STYLE

APA

Vianna, N. G., Andrade, M. da G. G., Lemos, F. C. S., & Rodriguez-Martín, D. (2022). A surdez na política de saúde brasileira: uma análise genealógica. Ciência & Saúde Coletiva, 27(4), 1567–1580. https://doi.org/10.1590/1413-81232022274.09142021

Register to see more suggestions

Mendeley helps you to discover research relevant for your work.

Already have an account?

Save time finding and organizing research with Mendeley

Sign up for free