O presente artigo avalia a influência da verticalização no desempenho e valor das empresas brasileiras, segundo os pressupostos da Economia dos Custos Transacionais de Williamson (1979). Segundo ela, empresas que adotam estratégias de verticalização tendem a obter um desempenho mais significativo devido à redução dos custos transacionais obtida ao empregar-se processos de integralização vertical. Para Coase (1937), tais custos são a razão principal da existência da firma, uma vez que esta estrutura de governança proporciona uma economia que um agente autônomo seria incapaz de obter. Baseando-se nestes conceitos, Williamson (1979), aperfeiçoou esta teoria ao propor as razões para a origem dos custos transacionais, que provocam o surgimento do dilema entre produzir ou comprar determinado ativo, dando ênfase ao processo de verticalização. A redução destes custos por este processo se dá pela apropriação dos lucros gerados nas etapas ex ante e ex post à etapa analisada, bem como pela redução da incerteza (ou vulnerabilidade) da cadeia, uma vez que riscos como quebras no fornecimento, aumento abrupto de preço nos insumos e previsões errôneas de demanda seriam minorados. Dessa forma, espera-se que a adoção destas estratégias conduza à melhoria no desempenho da empresa, bem como no aumento de seu valor de mercado. Neste estudo, as variáveis desempenho e valor das empresas foram operacionalizadas pelo constructo Q de Tobin em conformidade com a metodologia proposta por Chung e Pruitt (1994). Este constructo foi calculado trimestralmente para dois grupos de empresas listadas na Bolsa de Valores de São Paulo, segundo os informes contábeis disponibilizados no banco de dados do Economática Softwares para Investidores Ltda. Como a maior parte destas empresas abriu seu capital após essa data, somente a partir de 1998 é que foi possível iniciar as comparações entre seus desempenhos, pois antes disso a amostra era bastante reduzida, podendo incorrer em erros estatísticos. O primeiro grupo foi composto por empresas mais verticalizadas em sua cadeia de valor e o segundo, por empresas menos verticalizadas, pertencentes aos mesmos setores, totalizando dezesseis empresas e sete setores analisados. Como as amostras não foram consideradas normais, segundo o teste de normalidade de Jarque-Bera, adotou-se o teste não paramétrico de Kolmogorov-Smirnov para duas amostras a fim de testar a hipótese proposta. Para um nível de significância de 10%, obteve-se um p-valor de 0,008, levando-se à rejeição da hipótese nula. Com base nos resultados obtidos, pôde-se concluir que as empresas mais verticalizadas possuem um desempenho e um valor de mercado estatisticamente mais significativos que as empresas de menor verticalização do mesmo setor, fortalecendo a teoria da Economia dos Custos transacionais proposta por Williamson (1979).
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Piccoli, P. R., Tortato, U., & Caue, G. (2011). A INFLUÊNCIA DA VERTICALIZAÇÃO NO DESEMPENHO E NO VALOR DAS EMPRESAS: EVIDÊNCIAS NO MERCADO BRASILEIRO. Revista de Negócios, 16(4), 76. https://doi.org/10.7867/1980-4431.2011v16n4p76-90
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